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Mais de um bilhão de bebês e crianças vivem em ambientes urbanos. Mas a forma como as cidades são planejadas não consideram as suas necessidades e nem as das pessoas responsáveis por seus cuidados.
Visando apoiar tomadores de decisão e profissionais de planejamento urbano e transportes na missão de melhorar o acesso de milhares de crianças brasileiras às oportunidades urbanas, o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento lançou o material “Acesso para bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras”, realizado em parceria com a Fundação Bernard van Leer.
Durante seus trajetos diários, as crianças e suas famílias enfrentam a escassez de opções de mobilidade e espaços públicos acessíveis, convidativos e seguros. As cidades não são projetadas para atender às necessidades de bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras, e os sistemas de mobilidade não foram planejados com base em seus deslocamentos.
A falta de ambientes urbanos confortáveis para crianças afeta negativamente o seu desenvolvimento físico, mental e cognitivo, além de aumentar o estresse das pessoas responsáveis pelo seu cuidado — como mães, pais, avós e irmãos. Se investirmos na criação de ambientes mais propícios para bebês e crianças combinados com sistemas de mobilidade que ajudem cuidadores a transitar com os pequenos, criaremos condições mais adequadas para ajudá-los a prosperar e crescer.
Investir em bebês e crianças pequenas traz benefícios para toda a sociedade, incluindo melhorias no desempenho educacional, resultados positivos de saúde pública e maior potencial de desenvolvimento econômico.
Por que investir na primeira infância?
É na infância que ocorre a maior parte do desenvolvimento cerebral dos pequenos. Também é nessa fase em que são produzidas as bases para o desenvolvimento social, emocional e físico. Cada recurso investido no desenvolvimento da primeira infância resulta em um retorno pelo menos quatro vezes maior sobre o valor investido.
Mais importante do que o foco em resultados, no entanto, é importante destacar que toda criança tem direito ao bem-estar e deve ter a oportunidade de crescer, se desenvolver e prosperar em qualquer ambiente.
Não temos tempo a perder para melhorar a maneira como as cidades atendem às necessidades de bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras. Até 2050, quase 70% das crianças em todo o mundo viverá em áreas urbanas. No Brasil, mais de 80% delas já vive.
Fatores climáticos também colaboram para o aumento da presença de crianças nas cidades, já que migrações resultantes de mudanças do clima e conflitos aumentam constantemente as populações metropolitanas.
Todos os anos, quase 21,5 milhões de pessoas se deslocam em vista da ocorrência de desastres relacionados às mudanças climáticas, sendo a maioria mulheres e crianças. A expectativa é que a escala e o ritmo da urbanização global somadas à crise climática aumentem esse número, deixando bebês, crianças pequenas e cuidadores ainda mais vulneráveis.
Interações lúdicas, responsivas e significativas entre crianças, cuidadoras e cuidadores têm um papel crucial no desenvolvimento infantil. As cidades precisam oferecer oportunidades para tais interações, como, por exemplo, bairros caminháveis que atendam às necessidades básicas de uma família.
Nossas cidades podem ser acolhedoras para bebês, crianças pequenas e cuidadores se entendermos as suas necessidades e planejarmos atendê-las. O novo relatório lançado pelo ITDP em parceria com a Fundação Bernard van Leer revela as necessidades de bebês, crianças pequenas e pessoas cuidadoras com base em suas características de mobilidade.
O material também apresenta recomendações para mudarmos o cenário atual criando bairros em que os serviços essenciais possam ser encontrados em até 15 minutos e promovendo deslocamentos em transporte público de até 10 minutos.
Se a cidade facilita os deslocamentos de crianças, bebês e pessoas adultas que as acompanham — que geralmente acontecem em horários variados do dia — para além de atender principalmente aos deslocamentos da população trabalhadora em horários de pico, as crianças pequenas não ficarão restritas ao ambiente doméstico. A cidade pode contribuir ativamente para nutrir uma conexão constante entre as crianças e o espaço público.
Publicado originalmente em ITDP em janeiro de 2023.
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