Podcast #93 | Arq.Futuro e prioridades para as cidades brasileiras
Confira nossa conversa com Tomas Alvim sobre o Laboratório Arq.Futuro de Cidades e as prioridades para as cidades brasileiras.
Podemos considerar o serviço da CPTM de cinco linhas na Região Metropolitana de São Paulo e Jundiaí como um serviço de metrô a céu aberto?
6 de junho de 2022A frase “vamos transformar a CPTM em um metrô de superfície” frequentemente volta à tona nas campanhas e discursos políticos, como tentativa de “elevar” o padrão de uma das maiores operadoras da América Latina, que completou no final de maio 30 anos de existência.
Mas, afinal, podemos considerar então o serviço da operadora de cinco linhas na Região Metropolitana de São Paulo e Jundiaí como um serviço de metrô a céu aberto?
A empresa nasceu da aglutinação de outras operadoras, como a CBTU e Fepasa, e de fato as cenas que eram vistas na década de 90 — como trens com portas abertas diuturnamente, intervalos grandes no pico de até 20 minutos, os surfistas de trem e composições antigas — ficaram realmente naquela época. A companhia conta com uma das frotas mais novas do país, mais inclusive que a do Metrô de São Paulo, esse com um número considerável de composições reformadas.
Ao mesmo tempo, a empresa ainda tem problemas em sua operação, e não é raro se deparar com comentários nas redes sociais de passageiros pedindo o metrô em locais onde já há a CPTM. Também não é raro observar o passageiro relatando lentidão nos serviços, e a operadora não relatando em seu site a anormalidade. No final de semana, o intervalo médio das linhas é de até 35 minutos.
Passados os 30 anos, o que se vê é uma empresa com contradições. A mesma operadora que conta com um trem que, no lugar dos horrendos mapas em adesivo em cima das portas, possui monitores com projeção, é a mesma que tem mapas da rede de 2013.
A operadora que oferta um serviço que possibilita o usuário ir em 30 minutos do Centro até as proximidades do aeroporto de Guarulhos, é a mesma que conta com vãos distantes entre trens e plataformas. Somente em 2020, por exemplo, 156 pessoas caíram nesses espaços. Mas, voltando a pergunta inicial, se a CPTM é de fato um serviço de metrô, a resposta é sim e não.
Sim, se for comparada com metrôs mundo afora, como em Nova York, que tem linhas com intervalos superiores a da CPTM no horário de maior movimento. Se comparar com o intervalo em São Paulo, a empresa perde para o metrô paulistano. O que também vale pela forma de transportar as pessoas, com atendimentos em estações próximas uma das outras.
Não, porque talvez seja um erro tal comparação por suas características e peculiaridades. A operadora cumpre sua função de transportar os passageiros em um conglomerado de cidades. Com R$ 4,40 é possível ir de Jundiaí até Rio Grande da Serra, inclusive no mesmo trem, em uma viagem que dura mais de 2 horas e percorre mais de 100 quilômetros.
Em tempos de crise econômica e combustíveis caros, a CPTM cumpre seu papel social de transportar pessoas, sendo, uma parte delas, aquelas que foram empurradas para as áreas mais distantes. A empresa, portanto, ainda percorre caminhos de melhorias para seu propósito, que é transportar passageiros em uma das dez maiores regiões metropolitanas do mundo.
Artigo publicado originalmente em Via Trolebus, em maio de 2022.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarConfira nossa conversa com Tomas Alvim sobre o Laboratório Arq.Futuro de Cidades e as prioridades para as cidades brasileiras.
São Luís carece de infraestrutura ciclística, refletindo uma cultura e políticas urbanas que favorecem o uso do carro. Para mudar essa realidade, é essencial priorizar uma abordagem mais sustentável e humana para a mobilidade urbana na cidade.
O aumento dos preços em Osasco não está ligado diretamente à verticalização, mas à oferta inadequada para a crescente demanda populacional.
O segredo do urbanismo denso e de uso misto.
O Centro Histórico de Porto Alegre enfrenta desafios de zeladoria e alta vacância imobiliária. Iniciativas de revitalização são positivas, mas insuficientes para endereçar os variados problemas. Um mapeamento abrangente é crucial para solucionar a situação.
Um movimento em direção à mobilidade sustentável está ocorrendo em toda a Europa, não apenas na Cidade Luz, Paris.
"A invenção da Superquadra" é um livro sobre Brasília que explica e discute o conceito das superquadras, parte essencial do plano urbanístico de Lucio Costa. A obra discorre sobre a complexidade, as intenções e as controvérsias do projeto original.
Parques públicos são fundamentais para as cidades e o meio ambiente, mas sua manutenção disputa espaço no orçamento com outras áreas prioritárias, como saúde e educação. Para reduzir despesas, o Poder Público tem realizado parcerias com a iniciativa privada. No entanto, as consequências desse modelo ainda precisam ser melhor avaliadas.
As quedas de árvores têm causado transtornos em várias cidades. Mas dadas as condições em que essas árvores crescem, o surpreendente é que elas tenham resistido por anos em pé.
COMENTÁRIOS