A Faixa Azul tem relação com a redução de sinistros em São Paulo?
Segundo pesquisa, a sinalização voltada a motociclistas não pode ser considerada a causa principal para a queda no número de acidentes na capital paulista.
Para Trump, quem constrói rodovias e grandes obras deve ter o direito de expulsar moradores que estão "no caminho".
2 de fevereiro de 2016Donald Trump foi perguntado pelo âncora da Fox News Bret Baier “o que acha das desapropriações?”. Isso foi o que o líder Republicano respondeu:
“Acho que desapropriações são maravilhosas, se você está construindo uma rodovia, e você precisa construir, por exemplo, uma rodovia, e você será impedido por um último morador, ou em alguns casos, é um empecilho — para que você entenda, ninguém sabe mais sobre isso do que eu, porque construí vários prédios em Manhattan, e você teria 12 lotes e conseguiria só 11 e teria um último morador e acaba construindo em volta dele e tudo mais, tudo bem? Então, eu sei melhor do que qualquer um. Acho que desapropriações para grandes projetos, por exemplo, você criará inúmeros empregos, e tem alguém que está no caminho, e você paga àquela pessoa muito mais — lembre-se que nessas desapropriações eles ganham muito dinheiro, e você precisa da casa em certo local, porque estará construindo esse empreendimento enorme que vai empregar milhares de pessoas, ou estará construindo uma fábrica, que sem essa pequena casa, não se constrói a fábrica — acho que desapropriações são ótimas.”
Observação: escolher a pontuação para as transcrições de Trump é um verdadeiro desafio. De todo modo, a conversa não chegou a melhorar.
Baier: Em 2005, você disse que concordava com o caso Kelo na Suprema Corte americana 100 por cento. E basicamente interrompe as desapropriações, e…
Trump: Se a desapropriação — em primeiro lugar, a pessoa tem uma casa, e no final ganham muito mais do que a casa valia. Sabe, desapropriação não é como você — eles tiram sua [aqui alguns insultos do Club For Growth].
Então. Se tem uma estrada ou rodovia, você tem que fazê-la. Se tem uma fábrica onde você terá milhares de empregos, e precisa de desapropriações, é chamado de desenvolvimento econômico.
Baier: Bernie Sanders, quando a decisão veio à tona, se pronunciou contra o caso Kelo, ele disse que “o resultado da decisão será de que famílias trabalhadoras e pobres verão suas propriedades tomadas para interesses corporativos e de empreendedores milionários.”
Trump: Não está certo! Não está certo. Olha, eles levam o dinheiro — sabe, do jeito que se fala, pessoas diriam “ah, foram tomadas”. São tomadas por quatro ou cinco, seis, dez vezes o que valem às vezes! Pagam fortunas a elas. Mas às vezes há pessoas que querem segurar até o — na maioria das vezes, eu diria, já vi várias sobreparcelas, eu chamo de sobreparcelas. Na maioria das vezes, querem só dinheiro, tudo bem? É raro essas pessoas dizerem “amo minha casa. Amo minha casa. É o meu maior bem.” Só porque essas pessoas podem ir e comprar uma casa que é cinco vezes maior, numa localização melhor. Então a desapropriação, no que diz respeito a empregos, vias, ao bem comum, é algo maravilhoso, serei honesto com você. E lembre-se, você não está tomando a propriedade, sabe, do modo que você fez a pergunta, do modo que outras pessoas — você paga uma fortuna pela propriedade. Essas pessoas podem se mudar para duas quadras de distância para uma casa muito melhor.
Baier: Eu sei, mas se elas não querem vender…
Trump: Bem, olhe, quer dizer, se eles não querem vender, sinto…
Baier: Podemos passar para outra…
Trump: Acho que é um assunto importante. Muito interessante. Entendo completamente a abordagem conservadora. Mas acho que não foi explicado aos mais conservadores.
No caso Kelo, amado por Trump, o chamado “desenvolvimento econômico” não levou na verdade a nenhum desenvolvimento, e os proprietários de classe trabalhadora realmente amavam a casa que foi pulverizada pelo governo a pedido de incorporadores privados.
O endosso de Trump à vitória na Suprema Corte por 5 a 4 da expansão de interpretação da frase “uso público” na constituição para incluir empreendimentos privados não é surpresa, dada sua linha de trabalho e confiança anterior na prática Davi vs Golias. E sua alegação que conservadores (para não falar em libertários ou progressistas como Bernie Sanders) só precisam que o assunto seja “explicado” melhor não é apenas condescendente, mas ignorante: Kelo gerou uma reação pública generalizada, e sua racionalidade pelo desenvolvimento econômico tem sido massivamente impopular por uma década. Por boas razões. Já que Trump defende o fim da 14ª emenda sobre cidadania ao nascer, e deportar crianças americanas filhas de imigrantes ilegais, é razoável concluir que a defesa de direitos individuais não é seu forte.
Assista a entrevista completa (em inglês):
Este artigo foi originalmente publicado no site Reason em outubro de 2015. Foi traduzido por Lucas Magalhães, revisado por Anthony Ling e publicado neste site com autorização do autor.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarSegundo pesquisa, a sinalização voltada a motociclistas não pode ser considerada a causa principal para a queda no número de acidentes na capital paulista.
O crescimento urbano do Rio de Janeiro proporcionou encontros, produtividade e novas ideias.
Quer saber se uma cidade está prosperando? Comece com uma ida ao banheiro.
Confira nossa conversa com o professor André Dias e a fundadora do projeto Mãos Invisíveis, Vanessa Lima, sobre os desafios para lidar com as pessoas em situação de rua no Brasil.
O controle que as organizações criminosas exercem sobre territórios informais no Brasil está ligado à configuração desses espaços e ao planejamento urbano.
O gradil foi instalado sem qualquer consulta pública, sem projeto técnico e interfere radicalmente no acesso e na visibilidade do local. Cercar é a representação máxima de uma visão de cidade excludente.
Com densidade e mistura de usos, Senáḵw é um empreendimento que pretende beneficiar povos nativos e ampliar o acesso à moradia com um modelo de financiamento que oferece lições importantes para as cidades.
Quando nossas intuições básicas e crenças populares sobre o mercado imobiliário estão equivocadas, não é possível encontrar soluções concretas.
São Paulo se tornou um exemplo internacional de captura de valor do solo para financiar o desenvolvimento urbano e a habitação acessível.
COMENTÁRIOS