O elitismo classista e o transporte público no Brasil
O transporte é uma atividade meio e, para exercer sua função, é necessário que esteja disponível com equidade para todas as classes sociais.
Embasamentos distanciaram as unidades habitáveis do nível da rua e talvez seja um dos grandes equívocos em nossa história urbana.
13 de julho de 2022Uma das marcas da forma urbana da cidade do Rio de Janeiro são os embasamentos garagens nas edificações.
Até a década de 1950, a obrigatoriedade de locais de estacionamento de veículos nas edificações não era regulamentada.
Em 1957, foi publicada a lei conhecida como “Lei das Garagens”, que estabelecia a obrigatoriedade e a construção de estacionamento de veículos em dependências de edifícios novos.
A Prefeitura já identificava em Copacabana, nas décadas de 1960/1970, um deficit de vagas de estacionamento no bairro.
Em 1975, o prefeito Marcos Tamoyo criou um grupo de trabalho para realizar uma pesquisa que abrangeu os bairros do Leme e Copacabana sobre a questão do estacionamento.
Em julho deste mesmo ano, o Decreto n° 52 obrigava que cada unidade habitacional ou comercial na cidade tivesse no mínimo um local de estacionamento de 25 m², exceto em Copacabana, onde as exigências do número de vagas foram maiores.
Nesse decreto, constava que os pavimentos-garagens não seriam contados para efeito do número máximo de pavimentos e dos afastamentos frontais, das divisas laterais e de fundos.
Surge, nesse momento, o que ficou conhecido como embasamento garagem, que marca, até hoje, nosso espaço urbano e nossa paisagem.
Esses embasamentos distanciaram as unidades habitáveis do nível da rua, talvez um dos grandes equívocos em nossa história urbana.
Como falar numa cidade onde queremos que as pessoas possam circular, e que haja interação entre espaços públicos e privados tendo esses embasamentos como uma barreira a esta vitalidade.
Publicado originalmente em DC Arquitetura em junho de 2022.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarO transporte é uma atividade meio e, para exercer sua função, é necessário que esteja disponível com equidade para todas as classes sociais.
Belo Horizonte foi uma capital planejada inaugurada em 1897. Seu projeto se destacou por suas ruas alinhadas e obras de infraestrutura. Porém, ao longo de seu desenvolvimento, a cidade enfrentou desafios devido à segregação social e à inadequação do plano urbanístico à topografia.
As regras e decisões sobre o planejamento das localidades afetam como as pessoas irão usar e ocupar os espaços urbanos. Lugares com pouca gente nas vias públicas e sem infraestrutura passam um sentimento maior de insegurança e tendem a registrar índices de criminalidade mais elevados. Rever leis de zoneamento e o design dos municípios, em conjunto com outras medidas, podem contribuir para mudar esse cenário e trazer mais segurança as cidades.
A partir de diversos dados, a pesquisa Supply Skepticism Revisted, da NYU, busca analisar e responder às preocupações dos que acreditam que um aumento na oferta de moradia não diminui o crescimento dos preços dos aluguéis.
Confira nossa conversa com Tomas Alvim sobre o Laboratório Arq.Futuro de Cidades e as prioridades para as cidades brasileiras.
São Luís carece de infraestrutura ciclística, refletindo uma cultura e políticas urbanas que favorecem o uso do carro. Para mudar essa realidade, é essencial priorizar uma abordagem mais sustentável e humana para a mobilidade urbana na cidade.
O aumento dos preços em Osasco não está ligado diretamente à verticalização, mas à oferta inadequada para a crescente demanda populacional.
O segredo do urbanismo denso e de uso misto.
O Centro Histórico de Porto Alegre enfrenta desafios de zeladoria e alta vacância imobiliária. Iniciativas de revitalização são positivas, mas insuficientes para endereçar os variados problemas. Um mapeamento abrangente é crucial para solucionar a situação.
COMENTÁRIOS