Todas as pessoas querem viver em cidades seguras, se deslocar de forma agradável, respirar ar limpo, ter uma vida saudável, encontrar pessoas queridas com frequência, ter contato com a natureza no dia a dia e se desenvolver.
Parece utópico?
E se dissermos que o caminho para alcançar esse estilo de vida está está aos nossos pés?
Cidades que colocam o caminhar e as pessoas como prioridade melhoram a caminhabilidade, ou seja, se tornam ambientes que criam oportunidades e convidam as pessoas a acessar seus direitos e se divertir, a pé.
Imagina poder ficar tranquila com as crianças indo a pé para a escola junto com colegas? Ter ruas que se parecem com praças, em que é possível sentar em bancos debaixo da sombra das árvores? Caminhar menos de 5 minutos para chegar em um transporte público de qualidade e não poluente? Se sentir representada e respeitada nas ruas? Praticar esportes em áreas naturais em que é possível chegar caminhando?
Se você suspirou imaginando tudo isso, você como a gente deseja viver melhor, e mais do que isso, deseja que todas as pessoas vivam melhor — pois se a mudança não é coletiva não há mudança.
Assim fica evidente que todas as pessoas são potenciais defensoras de cidades caminháveis, porque desejantes e sonhadoras dessas são cidades todas já somos!
Quando as cidades são transformadas na perspectiva da caminhabilidade, são ampliadas a acessibilidade, a colaboração, a sustentabilidade, a segurança, o acolhimento, a saúde e o dinamismo.
Caruaru, em Pernambuco, por exemplo, implementou um parque linear — a Via Parque, que foi vencedora do Prêmio Cidade Caminhável 2021 — na antiga linha férrea que passava no meio de 16 bairros da cidade e com isso ampliou as oportunidades de caminhar em segurança e estar nos espaços públicos. Os resultados dessa transformação vão além dos planejados, há mulheres relatando que se sentem seguras caminhando à noite, crianças brincando, casas que incluíram comércio em sua fachada e aumentaram sua autonomia financeira, entre muitos outros resultados.
Então, você deve estar se perguntando: por que a maior parte das cidades não estão focadas na caminhabilidade e muitas vezes estão andando na contramão do desenvolvimento de cidades para as pessoas e para o caminhar?
Uma das razões é que o conceito, as soluções, as possibilidades e os impactos de promover a caminhabilidade são pouco conhecidos. Quando não se conhece algo, não é possível imaginar!
Ou seja, se não conheço uma cidade com ar limpo, logo cidades são ambientes em que se respira ar poluído. Mas e se contarmos que podemos sim respirar ar limpo nas cidades? E que assim como Caruaru, outras cidades mundo afora estão despertando e criando lugares que a população quer ficar ao invés de aglomerados que as pessoas se sentem obrigadas a ficar por razões econômicas e que começam a desenvolver doenças psíquicas sem perceber?
Para isso, é essencial enxergar a realidade das cidades em que vivemos de forma realista e crítica. Assim como só é possível sair de uma situação de abuso ao reconhecer que o abuso existe e com políticas públicas de proteção e acolhimento, é importante reconhecer que nossas cidades são adoecedoras.
Para reverter esse cenário precisamos com urgência falar sobre os problemas, opressões e males das cidades. Mas, além disso, falar sobre os caminhos e soluções para que as cidades priorizem o andar a pé e a convivência nas ruas.
Quanto mais falamos, mais sonhamos e transformamos as cidades juntas. Este será o nosso espaço para aproximar você cada vez mais do tema e para construir diálogos caminhantes! Afinal, as cidades são sobre isso: acesso, encontros, participação e trocas. Vamos juntas?
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.