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A frase “vamos transformar a CPTM em um metrô de superfície” frequentemente volta à tona nas campanhas e discursos políticos, como tentativa de “elevar” o padrão de uma das maiores operadoras da América Latina, que completou no final de maio 30 anos de existência.
Mas, afinal, podemos considerar então o serviço da operadora de cinco linhas na Região Metropolitana de São Paulo e Jundiaí como um serviço de metrô a céu aberto?
A empresa nasceu da aglutinação de outras operadoras, como a CBTU e Fepasa, e de fato as cenas que eram vistas na década de 90 — como trens com portas abertas diuturnamente, intervalos grandes no pico de até 20 minutos, os surfistas de trem e composições antigas — ficaram realmente naquela época. A companhia conta com uma das frotas mais novas do país, mais inclusive que a do Metrô de São Paulo, esse com um número considerável de composições reformadas.
Ao mesmo tempo, a empresa ainda tem problemas em sua operação, e não é raro se deparar com comentários nas redes sociais de passageiros pedindo o metrô em locais onde já há a CPTM. Também não é raro observar o passageiro relatando lentidão nos serviços, e a operadora não relatando em seu site a anormalidade. No final de semana, o intervalo médio das linhas é de até 35 minutos.
Passados os 30 anos, o que se vê é uma empresa com contradições. A mesma operadora que conta com um trem que, no lugar dos horrendos mapas em adesivo em cima das portas, possui monitores com projeção, é a mesma que tem mapas da rede de 2013.
A operadora que oferta um serviço que possibilita o usuário ir em 30 minutos do Centro até as proximidades do aeroporto de Guarulhos, é a mesma que conta com vãos distantes entre trens e plataformas. Somente em 2020, por exemplo, 156 pessoas caíram nesses espaços. Mas, voltando a pergunta inicial, se a CPTM é de fato um serviço de metrô, a resposta é sim e não.
Sim, se for comparada com metrôs mundo afora, como em Nova York, que tem linhas com intervalos superiores a da CPTM no horário de maior movimento. Se comparar com o intervalo em São Paulo, a empresa perde para o metrô paulistano. O que também vale pela forma de transportar as pessoas, com atendimentos em estações próximas uma das outras.
Não, porque talvez seja um erro tal comparação por suas características e peculiaridades. A operadora cumpre sua função de transportar os passageiros em um conglomerado de cidades. Com R$ 4,40 é possível ir de Jundiaí até Rio Grande da Serra, inclusive no mesmo trem, em uma viagem que dura mais de 2 horas e percorre mais de 100 quilômetros.
Em tempos de crise econômica e combustíveis caros, a CPTM cumpre seu papel social de transportar pessoas, sendo, uma parte delas, aquelas que foram empurradas para as áreas mais distantes. A empresa, portanto, ainda percorre caminhos de melhorias para seu propósito, que é transportar passageiros em uma das dez maiores regiões metropolitanas do mundo.
Artigo publicado originalmente em Via Trolebus, em maio de 2022.
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