Webinar | Case Puerto Madero em Buenos Aires
Confira o webinar com o arquiteto e urbanista Roberto Converti sobre o projeto de revitalização do Puerto Madero, em Buenos Aires.
"Qualquer planejamento [...] deveria se basear num 'centro comercial o mais belo possível em consonância com o máximo rendimento a ser gerado"
28 de março de 2013Arquitetura comercial é uma das palavras mais abominadas no meio arquitetônico acadêmico. Para mim, o motivo surge já que, para uma determinada construção ser economicamente viável no Brasil primeiro há enormes custos envolvidos com a adaptação à regras urbanas — normalmente destrutivas — como vagas mínimas de garagem, afastamentos obrigatórios, contabilidade de áreas construídas seguindo critérios questionáveis, leis de zoneamento, entre outras. Além disso, o risco envolvido com mudanças de regras locais, o enorme poder decisório político em toda construção e as incertezas em relação ao financiamento da obra tornam o foco qualquer incorporador muito além do campo arquitetônico e construtivo.
No entanto, houve um momento e lugar em que as coisas não eram assim: a Manhattan da década de 20. Lá, logo no estouro da crise financeira de 1929 surge o empreendimento Rockefeller Center, empreendido por John D. Rockfeller Jr., filho de provavelmente um dos empresários mais famosos da humanidade que, após se comprometer com o investimento, mudou o programa original de uma sede para a Metropolitan Opera para…
“O máximo de congestão com o máximo de luz e espaço” e “Qualquer planejamento […] deveria se basear num ‘centro comercial o mais belo possível em consonância com o máximo rendimento a ser gerado”.
“O programa do Rockefeller Center consiste em conciliar essas incompatibilidades.”
“Uma inédita aliança de talentos trabalha nesse empreendimento, insólita por seu tamanho e variedade. Como descreve Raymond Hood: “Seria impossível calcular o número oficial de cabeças empenhadas em destrinçar as complexidades do problema; e certamente o número extraoficial de cabeças que ponderaram o tema seria um palpite ainda mais descabido”.
“O Rockefeller Center é uma obra prima sem um gênio.”
“Como não há um responsável individual pela criação de sua forma definitiva, a concepção, o nascimento e a realidade do Rockfeller Center têm sido interpretados — dentro do sistema tradicional de avaliação arquitetônica — como uma complexa situação de compromisso, um exemplo de ‘arquitetura de comitê’.”
“Mas a arquitetura de Manhattan não pode ser medida por instrumentos convencionais; eles são resultados absurdos: ver o Rockefeller Center como uma solução de compromisso é indicação de cegueira.”
“A essência e a força de Manhattan residem no fato de que toda a sua arquitetura é “de comitê”, e de que o comitê é formado pelos próprios moradores de Manhattan.”
“O Rockfeller Center, idealizado com o mesmo espírito de devoção estética, é concebido para satisfazer, no padrão e no serviço, ao espírito multifacetado de nossa civilização. Resolvendo seus vários problemas, estabelecendo uma relação mais íntima entre a beleza e os negócios, ele promete ser uma contribuição significativa para o planejamento urbano de um futuro que desabrocha.”
Assim o arquiteto e urbanista Rem Koolhaas descreve o projeto em seu livro “Nova York Delirante”. Um projeto comercial em essência, criou como forma de valorizar seu metro quadrado construído um dos espaços públicos mais fantásticos da cidade: sempre movimentado, com espaços para sentar, atividades para participar, críticas sendo manifestadas, shows e arte para olhar e, como não poderia faltar, lojas para comprar. Para completar, o projeto inaugurou um dos primeiros telhados verdes em edifícios na Manhattan moderna.
No início do século a cidade esbanjava liberdade construtiva, tornando o único diferencial entre construtores justamente a qualidade e a eficiência de sua obra: sem politicagem, já que políticos pouco mandavam. Para Koolhaas, o Rockefeller Center é o ápice do boom construtivo do início do século que chega à “Manhattan definitiva”. O projeto é comercial no sentido mais puro da palavra que, como descreve o trecho do livro, tem todos os moradores de Manhattan como críticos da qualidade do trabalho: verdadeiros consumidores em um mercado de arquitetura.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarConfira o webinar com o arquiteto e urbanista Roberto Converti sobre o projeto de revitalização do Puerto Madero, em Buenos Aires.
Após a Rua Leôncio de Carvalho ser requalificada como rua compartilhada e calçadão, as mais de 10 mil pessoas por dia que atravessavam na esquina com a Paulista passaram a ter uma caminhada contínua e sem riscos de atropelamento.
É preciso implementar mudanças contra a perpetuação da oferta excessiva de vagas de estacionamento em áreas urbanas.
Confira nossa conversa com Germano Bremm e André Machado sobre o ano após a maior enchente da história de Porto Alegre.
Como uma das séries de maior sucesso da história pode estar relacionada com o desenvolvimento urbano e as dinâmicas do mercado imobiliário de Nova York nas últimas décadas?
Poder ter todas as necessidades diárias supridas a apenas 15 minutos de caminhada de casa é uma ideia muito atraente. Mas será que o planejamento urbano é capaz de alcançar isso plenamente?
Cidades brasileiras frequentemente alegam não possuir recursos para ampliar ou melhorar a sua infraestrutura, mesmo para algumas finalidades básicas como zeladoria de espaços públicos ou implantação de ciclovias, ambas de relativo baixo custo.
Dados geoespaciais e análises socioambientais impulsionam o planejamento urbano sustentável, como demonstram os casos de Belo Horizonte e Campinas.
Confira nossa conversa com Victor Macêdo, da Prefeitura de Fortaleza, sobre as transformações na mobilidade urbana da cidade.
COMENTÁRIOS