Como Copenhagen se tornou a joia do urbanismo mundial | Parte 2
Copenhagen se tornou uma referência mundial ao abraçar um conjunto de princípios e estratégias para sair de uma crise. Essas soluções podem inspirar outras cidades pelo mundo.
Trabalhar como incorporador é a melhor maneira de um urbanista causar um impacto positivo sobre um local que lhe seja importante.
1 de agosto de 2019Continuo perguntando para os urbanistas “por que você ainda não é um incorporador?”. É uma pergunta séria e sincera. Falo sério sobre recrutar arquitetos, urbanistas, engenheiros e ativistas urbanos (novos ou não) para o grupo das pequenas incorporadoras. Acho que essa é a melhor maneira de um urbanista causar um impacto positivo sobre um local que lhe seja importante.
Se você dedicou mil horas de estudo e prática para entender do que constitui um bom espaço, por que deixar a construção e reforma de edificações com as incorporadoras? Essa questão se torna ainda mais relevante ao perceber que muitos incorporadores convencionais estão fazendo projetos em um cenário de grande pressão ou sem muita ideia de como fazer seus esforços se encaixarem no contexto urbano. Acho que o típico generalista/urbanista fará um trabalho melhor do que qualquer grande incorporadora atuando na sua cidade.
Enquanto os urbanistas estão tentando curar a cidade ou construir espaços melhores, eles também deveriam trabalhar em alguns dos edifícios que são construídos/reconstruídos. Ter um modesto portfólio de prédios para pagar o aluguel já irá ajudá-los a resistir à próxima recessão. (É muito difícil ganhar a vida cobrando por projeto ou consultoria quando nada está sendo construído).
Com isso em mente, ainda precisamos ter uma ideia sóbria e realista do que está em jogo quando alguém faz a transição para se tornar um incorporador, considerando o ambiente em que irá operar. Isso não é nada fácil.
As pessoas tendem a pensar que todos esses incorporadores imobiliários fazem uma tonelada de dinheiro — porque alguns deles fazem. Mas para cada grande nome do mercado imobiliário, há dezenas de pessoas ralando para ganhar a vida e tornar seu bairro melhor. Muitas pessoas se enganam pelo elegante cara de terno ostentando um impressionante carro alugado.
Não sei como as pessoas chegam a imaginar que um projeto possa gerar tanta quantidade de dinheiro. As suposições podem ser ridículas, mas até que se passe pelo processo, não é de se esperar que as elas saibam estimar estes valores.
Também reconheço que, até que você possa demonstrar o contrário, um novo incorporador é parte de uma empresa sem muita credibilidade. Então, aos que consideram assumir esse trabalho, não esperem gratidão ou consideração. Comece pequeno. Dedique-se a um projeto menor, ele vai ajudá-lo a adquirir o know-how e networking para tornar possíveis projetos maiores e mais complexos. Mas não se apresse, você não quer se envolver em um projeto que vai transformá-lo em um ex-desenvolvedor por ser grande ou complicado demais.
Texto publicado originalmente em Strong Towns em 8 de setembro de 2016. Traduzido para o português por João Neves, com revisão de Anthony Ling e Gabriel Lohmann.
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Bom, isso não ocorre porque… porque o público-alvo dos empreendimentos não compraria algo que um urbanista desenvolveu?
Ainda na faculdade me fiz essa pergunta, e ao me deparar com o fato que não há nenhuma alínea proibindo arquitetos/as e urbanistas em se tornarem desenvolvedores/as imobiliários, resolvi trilhar esse caminho. Apesar das dificuldades em quebrar certos paradigmas existentes no mercado, creio que a construção de novos modelos de negócios também são formas legítimas de efetivarmos diversas políticas públicas habitacionais e urbanísticas presentes em nosso arcabouço jurídico.