Carro ou ônibus: quem é mais eficiente no transporte de passageiros?
Qual a eficiência no uso do espaço urbano entre carros e ônibus no transporte de passageiros com base nas teorias de Alain Bertaud?
O cenário de pandemia torna perceptível o exagero no espaço que destinamos para o trânsito e estacionamento de carros, agora vias ociosas.
1 de junho de 2020Como qualquer um que saia de casa no final de semana (ou acompanhado a cobertura dos jornais), é perceptível a lotação de espaços públicos como a Orla do Guaíba. No entanto, não precisaria ser assim, pois agora temos espaços públicos de sobra.
O cenário de pandemia torna percebível o exagero no espaço que destinamos para o trânsito e estacionamento de carros, agora vias ociosas. Normalmente, mais de 90% do espaço viário é ocupado por carros que correspondem a apenas um terço dos deslocamentos, sendo os outros dois para viagens em transporte coletivo, a pé ou de bicicleta.
Qualquer porto-alegrense também deve reconhecer a impossibilidade de manter o distanciamento social nas estreitas calçadas da cidade. Em um momento onde os parques estão aglomerados e o trânsito de veículos nas vias -— espaços públicos da mesma forma — se tornou mínimo, adaptações deveriam ser pensadas de forma a refletir a nova realidade.
Vilnius, na Lituânia, está transformando suas ruas em praças, dando espaço para que restaurantes e cafés instalem mesas para voltar a operarem de forma segura. Seattle e Oakland, nos EUA, estão fechando dezenas de quilômetros de vias para tráfego de veículos para que as pessoas possam circular mantendo o distanciamento social. Bogotá, Cidade do México, Berlin, Milão e Nova York estão expandindo suas calçadas e redes cicloviárias para permitir acesso seguro aos espaços públicos, além de serem uma alternativa à aglomeração nos transportes públicos.
Em Porto Alegre, o corredor de ônibus da Terceira Perimetral já abria para o lazer nos finais de semana por ter demanda reduzida de veículos: agora esse conceito é aplicável para a cidade inteira. Essa crise deve ser vista como uma oportunidade para nos conscientizarmos e repensarmos o uso que estávamos fazendo dos nossos espaços públicos, que não estão em falta, mas espalhados pela cidade aguardando um redesenho mais humano.
Artigo publicado originalmente no jornal Zero Hora, em 23 de maio de 2020.
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