Reformar o estacionamento fora da via pública é a chave para reduzir as emissões
É preciso implementar mudanças contra a perpetuação da oferta excessiva de vagas de estacionamento em áreas urbanas.
Ao analisar os efeitos da adoção do transporte gratuito na capital Tallinn, a conclusão foi de que a medida não atingiu sua meta de reduzir os deslocamentos de carro.
13 de setembro de 2021O Escritório Nacional de Auditoria da Estônia tem investigado os efeitos da adoção do transporte público gratuito em Tallinn, capital do país, que incluem viagens de ônibus e de bonde para os moradores.
A análise estudou se a viabilidade econômica, assim como a demanda de mobilidade das pessoas, foram consideradas na decisão de isentar o pagamento das passagens.
Resultados sobre o modelo regional foi de que o transporte público gratuito não atingiu sua meta de reduzir os deslocamentos de carro.
Embora o uso de transportes públicos tenha aumentado, mais da metade de todas as viagens para o trabalho continuaram sendo feitas de automóvel.
“O lado positivo foi a pausa no declínio de usuários de transporte público nesses anos”, disse o Auditor Geral Janar Holm.
“Infelizmente, não se atraiu um número significativo de novos usuários para o transporte público, mesmo que, nos últimos anos, o Estado tenha investido uma quantidade crescente de recursos para cobrir os custos do transporte regional de ônibus, permitindo que as pessoas viajassem gratuitamente na maioria das regiões.”
Além disso, o Escritório Nacional de Auditoria constatou que o financiamento dos serviços é desigual entre as regiões da Estônia e que as despesas do Estado com transporte público aumentaram rapidamente.
“Em um período de tempo relativamente curto, os custos do transporte público regional podem triplicar”, disse o auditor geral Janar Holm. A Lei de Transporte Público não traz nenhuma distinção clara entre serviços regionais e municipais.
Consequentemente, as responsabilidades são dividas de formas diferentes, com algumas cidades dependendo principalmente dos serviços regionais e outras tendo que organizá-los dentro do município.
“Não é apenas uma questão de dinheiro, mas de igualdade de tratamento dos municípios, e se não estiver claro quem deve organizar os serviços de ônibus e arcar com os custos, importantes linhas de ônibus podem ser totalmente fechadas devido a disputas, ou ainda o otimizações na rede de rotas podem deixar de ser feitas”, acrescentou Holm.
Ainda, constatou-se que a rede de ônibus não foi projetada para atender às necessidades de mobilidade das pessoas, uma vez que foi planejada somente sob a ótica dos atuais usuários do transporte público.
Consequentemente, as necessidades dos usuários de automóveis devem ser levadas em consideração para que o projeto de futuros serviços de transporte público ofereça uma alternativa atraente para viagens de carro.
O Gabinete de Auditoria Nacional recomendou que o Ministro da Economia e Infraestrutura responsável deve:
• Encorajar as autoridades a considerarem alternativas às linhas regulares de ônibus, como serviços sob demanda em áreas escassamente povoadas;
• Basear o desenvolvimento futuro dos serviços de transporte público nas demandas reais de todos os clientes possíveis, incluindo os motoristas de hoje;
• Estabelecer um sistema de financiamento claro e equânime para o transporte público municipal;
• Criar um sistema de informações que reúna dados de transporte público, bem como um sistema de passagens comum em todo o país.
Artigo publicado originalmente em Eltis em 23 de março de 2021. Traduzido por Gabriel Lohmann.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarÉ preciso implementar mudanças contra a perpetuação da oferta excessiva de vagas de estacionamento em áreas urbanas.
Confira nossa conversa com Germano Bremm e André Machado sobre o ano após a maior enchente da história de Porto Alegre.
Como uma das séries de maior sucesso da história pode estar relacionada com o desenvolvimento urbano e as dinâmicas do mercado imobiliário de Nova York nas últimas décadas?
Poder ter todas as necessidades diárias supridas a apenas 15 minutos de caminhada de casa é uma ideia muito atraente. Mas será que o planejamento urbano é capaz de alcançar isso plenamente?
Cidades brasileiras frequentemente alegam não possuir recursos para ampliar ou melhorar a sua infraestrutura, mesmo para algumas finalidades básicas como zeladoria de espaços públicos ou implantação de ciclovias, ambas de relativo baixo custo.
Dados geoespaciais e análises socioambientais impulsionam o planejamento urbano sustentável, como demonstram os casos de Belo Horizonte e Campinas.
Confira nossa conversa com Victor Macêdo, da Prefeitura de Fortaleza, sobre as transformações na mobilidade urbana da cidade.
A medida da Prefeitura de São Paulo vai na contramão de tudo que uma gestão eficiente da mobilidade urbana e dos espaços públicos deveria ser.
A criação da "Faixa 4" do Minha Casa Minha Vida só reforça as contradições que o programa sempre teve.
COMENTÁRIOS
porque, obviamente, automóvel se combate direta e especificamente – isto é: retirando espaço do automóvel, além de outros insumos e subvenções financeiras (sim: isso quer dizer gasolina cara, bem cara!, e diesel barato).