Segundo o professor Donald Shoup, especialista mundial em estacionamento, cerca de 30% do trânsito no centro das grandes cidades é formado por automóveis à procura de vagas gratuitas ou de estacionamento barato na rua. A consequência principal da oferta gratuita de estacionamento é o mau uso do espaço público destinado a estacionamento. Vagas gratuitas acabam por ser usadas por quem chega cedo, deixando o carro o dia todo no local e ocupando uma vaga importantíssima para outras pessoas que chegam ao longo do dia e precisam dela. Além disso, uma das principais variáveis consideradas pelos motoristas quando optam por ir de carro a determinado destino é saber se há estacionamento. Se o poder público oferece vagas gratuitas, ele está, indiretamente, subsidiando e promovendo o carro particular em detrimento dos demais meios de transporte ou, inclusive, de usos alternativos do espaço público.
Entendemos, assim, que todas as vagas públicas gratuitas de estacionamento devem ser ou eliminadas ou cobradas para uso. Uma precificação adequada dessas vagas deve permitir que sempre haja, pelo menos, uma ou duas disponíveis por quarteirão, de forma a permitir que o motorista saia da faixa de trânsito o mais rápido possível, evitando deslocamentos desnecessários. Tal controle pode ser feito por meio de parquímetros comuns, estabelecendo-se faixas de preços diferentes por região e faixa horária, ou ainda utilizando plataformas tecnológicas mais avançadas, como sensores nas vagas que verificam a disponibilidade, ajustam o preço de acordo com a demanda e informam os motoristas por meio de aplicativos de celular, como a experiência do SFPark já realizada em San Francisco, nos Estados Unidos.
Essa prática pode melhorar significativamente o sistema de transporte de uma cidade. Para motoristas, significa menos tempo e combustível gasto para encontrar uma vaga para estacionar, o que também leva a uma redução das emissões de poluentes na localidade. Para a cidade, reflete uma melhoria da fluidez e da qualidade do trânsito ao retirar de circulação veículos que transitam desnecessariamente e veículos que param em fila dupla, em ciclovias e em paradas de ônibus para esperar a liberação de uma vaga. A cobrança pelo estacionamento também deve reverter uma importante fonte de receita para o município, que pode utilizar os recursos para melhorar a infraestrutura da própria via, inclusive a calçada.
O argumento para a eliminação de vagas públicas se torna mais evidente em casos de vias que atualmente permitem estacionamento em ambos lados, dificultando a implementação de ciclovias e o melhoramento de calçadas. Eliminando o estacionamento em um dos lados da via e cobrando pelo estacionamento no outro lado, é possível manter vagas rotativas para atender a comerciantes e escritórios, enquanto se reverte para a cidade um importante espaço público que pode ser transformado em uma calçada ampliada, um espaço de permanência — como os parklets —, uma ciclovia ou até mesmo uma faixa adicional de rolamento, valorizando as propriedades no entorno.
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Recomendo estudo sobre vagas gratuitas em Brasília. Aqui não são vagas…são estacionamentos inteiros gratuitos.