Por que é fundamental discutir os limites de vagas de garagem na cidade
Estudo do Laboratório aponta acerto e erros da nova regra apresentada pela Prefeitura de São Paulo na proposta de revisão do Plano Diretor.
Encarar calçadas inexistentes ou intransitáveis, além das faixas de pedestre apagadas, faz parte do cotidiano de quem vive na capital.
27 de setembro de 2018Dia 8 de agosto é Dia Mundial do Pedestre. E em São Paulo, apesar de 30% dos deslocamentos serem feitos a pé, o paulistano não tem o que comemorar. A falta ou inadequação das calçadas contribui com um indicador trágico: nos últimos 12 meses a cidade registrou quase 1.200 acidentes de trânsito com mortes, sendo que 45% das vítimas foram pedestres, seguidos de motociclistas.
Encarar calçadas inexistentes ou intransitáveis, além das faixas de pedestre apagadas, faz parte do cotidiano de quem vive na capital. Embora conte com mais de 17 mil quilômetros de vias, uma grande porcentagem delas — e a Prefeitura sequer sabe exatamente quantas e onde estão localizadas — não têm calçadas. As que contam com calçadas e meios-fios são marcadas por inúmeros problemas que impedem a circulação das pessoas.
Se tomamos a Avenida Teotônio Vilela e a Avenida Marechal Tito, duas das vias em que mais aconteceram mortes de pedestres nos últimos 12 meses, um total de 12 cada, em vários de seus trechos as calçadas são muito estreitas e as pessoas andam no meio da rua.
Embora há anos haja uma legislação da Prefeitura específica para regulamentar as características das calçadas e aponta para a obrigação de que se construam passeios de acordo com estas regras. Entretanto, a responsabilidade tanto de implantar quanto manter estas estruturas continua sendo do dono do lote, como se ela fosse uma extensão do espaço privado, e não um espaço público.
Por exemplo, tem que haver uma distância de 1,20 m de calçada livre de qualquer mobiliário como lixeiras. Mas como pedestres que somos, sabemos que é muito raro que vias, avenidas, ruas cumpram esta exigência. Diante desse cenário, causa incômodo que no ano passado tenha sido lançado um programa de R$ 350 milhões para recapear as vias asfálticas —Asfalto Novo —, mas não para constituir ou reformar essas calçadas. Trata-se de um problema urgente, porque estamos tratando de mortes.
A proposta de um novo decreto regulamentando o conjunto de leis que tratam do tema na cidade de São Paulo foi lançado em junho pela prefeitura. Mas infelizmente a governança dos passeios, ou seja a responsabilidade pela implementação e manutenção permanente das calçadas, assim como o destino dos passeios que hoje não obedecem os padrões e regras, mais uma vez, não está sendo enfrentado.
Texto publicado originalmente no Blog na Raquel Rolnik em 13 de agosto de 2018.
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As calçadas devem ser responsabilidade da prefeitura e não do dono do lote.
Elas devem tem um padrão preposto por cada município.
Deveria ser proibido esses desníveis bizarros, ou até mesmo formando uma escadaria como vemos na foto da matéria.
Isso não é um problema da capital, mas sim do Brasil inteiro.
Todas as cidades brasileiras sofrem com o mesmo problema.
Mas claro, no país do ‘’jeitinho’’ e com a nossa sociedade corrompida do jeito que é, isso nunca vai ser possível.
Alessandra,
Concordo plenamente! Inclusive foi um capítulo do Guia de Gestão Urbana que publicamos alguns anos atrás: https://caosplanejado.com/uniformizacao-e-municipalizacao-das-calcadas-guia-de-gestao-urbana/
Obrigado pela leitura!
Abraço
Anthony
As calçadas devem ser responsabilidade da prefeitura e não do dono do lote.
Elas devem tem um padrão preposto por cada município.
Deveria ser proibido esses desníveis bizarros, ou até mesmo formando uma escadaria como vemos na foto da matéria.
Isso não é um problema da capital, mas sim do Brasil inteiro.
Todas as cidades brasileiras sofrem com o mesmo problema.
Mas claro, no país do ‘’jeitinho’’ e com a nossa sociedade corrompida do jeito que é, isso nunca vai ser possível.
praticamente todas as calçadas em São Paulo são acessiveis… aos carros…
ninguem quando faz a calçada pensa que nela devem passar cadeirantes, carrinho de feira, pessoas mais idosas com pouca mobilidade… pelo menos 1 metro da calçada deve ser acessivel… e o que temos são muros…
Nascemos com pernas não com rodas. Os pais não deveriam dar um carro de brinquedo para os filhos, e sim um par de tenis novo. Induzimos nossos filhos a acreditar que o carro é a melhor coisa do mundo. Temos que mudar isso educando as crianças. Quando seu filho completar 18 anos, não de um carro a ele. Uso conciente do automóvel, nisto eu acredito. Se ainda não bastasse os carros ainda ocupam as calçadas e destroem os passeios.
Sou de Mauá e aprendi a andar no meio-fio, principalmente quando venho do supermercado com meu carrinho.
Excelente artigo , como tal ainda não se estabelece uma política adequada aos passeios , como se este fosse algo ‘neutro’ na cidade , quando na verdade é o espaço preferencial do pedestre.
Cheguei a ir ao gabinete do Vereador Toninho Vespoli a uns anos atrás e propus que fosse cobrado um projeto de lei pra regulamentação dos calçamentos no Município de S.P. Fiquei sabendo na época que já existia um projeto de lei que estava aguardando aprovação na Câmara de Vereadores porém nada tinha sido feito até então. Fico triste em ver que os anos se passam e nada é feito a respeito. Bares e restaurantes colocam cadeiras e mesas nas calçadas. Condomínios de prédios são construídos e deixam um mínimo espaço de calçamento, ficando pior ainda qdo tem poste e árvores. Não respeitam deficientes, idosos, crianças e gestantes. Triste realidade que tem ser resolvida!