Por que as cidades japonesas são tão agradáveis para se viver
O segredo do urbanismo denso e de uso misto.
Recife tem uma das exigências de vagas mínimas de garagem mais absurdas do mundo, ultrapassando cidades reconhecidamente obcecadas por carros como Houston e São Paulo.
15 de maio de 2014Na minha postagem sobre os problemas da verticalização das cidades brasileiras comentei sobre como o cálculo de áreas computáveis e a exigência de vagas de estacionamento obrigatórias podem prejudicar a relação do edifício com a calçada.
Me preparando para o debate que vou participar em Recife essa semana, acabo de descobrir que a cidade tem uma das exigências de vagas mínimas de garagem mais absurdas do mundo, ultrapassando cidades reconhecidamente obcecadas por carros como Houston e São Paulo. Diz a Lei 16.176/96 sobre Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife:
Os números são estonteantes, pois em cima disso a área destinada à estacionamento não é computada na área total permitida para construção. A lei não parece abrir exceções para habitação de interesse social, o que também mitiga este tipo de construção sendo uma condicionante que encarece muito o valor de cada unidade.
Esses requisitos significam que o incorporador deve encontrar espaço no terreno ou no seu edifício para construir todas essas vagas, sem encarecer demais o custo das unidades. Eles acabam optando, na maioria das vezes, por utilizar a área do térreo e/ou do primeiro pavimento, evitando escavações e construindo em altura (na minha interpretação da lei a cidade não tem limites de altura, sendo restrita apenas pelos recuos obrigatórios, que aumentam com o número de pavimentos).
Uma saída seria colocar uma loja no térreo e jogar as vagas de estacionamento um andar para cima, mas isso significaria uma rampa duas vezes maior (rampas para carros ocupam muito espaço na planta do edifício) e criar afastamentos ainda maiores, já que estes variam de acordo com a altura do edifício. Em uma cidade que já não valoriza o trânsito a pé e o comércio no térreo, é uma decisão que não se justifica financeiramente.
Quem diria que a tabela acima é uma das principais causas da péssima verticalização de Recife?
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarO segredo do urbanismo denso e de uso misto.
O Centro Histórico de Porto Alegre enfrenta desafios de zeladoria e alta vacância imobiliária. Iniciativas de revitalização são positivas, mas insuficientes para endereçar os variados problemas. Um mapeamento abrangente é crucial para solucionar a situação.
Um movimento em direção à mobilidade sustentável está ocorrendo em toda a Europa, não apenas na Cidade Luz, Paris.
"A invenção da Superquadra" é um livro sobre Brasília que explica e discute o conceito das superquadras, parte essencial do plano urbanístico de Lucio Costa. A obra discorre sobre a complexidade, as intenções e as controvérsias do projeto original.
Parques públicos são fundamentais para as cidades e o meio ambiente, mas sua manutenção disputa espaço no orçamento com outras áreas prioritárias, como saúde e educação. Para reduzir despesas, o Poder Público tem realizado parcerias com a iniciativa privada. No entanto, as consequências desse modelo ainda precisam ser melhor avaliadas.
As quedas de árvores têm causado transtornos em várias cidades. Mas dadas as condições em que essas árvores crescem, o surpreendente é que elas tenham resistido por anos em pé.
Confira nossa entrevista com Cayo de Oliveira Franco sobre os resultados do Censo de 2022.
Neste momento em que o Egito e a Indonésia planejam transferir suas capitais, é bom olhar para a história de outros países que fizeram isso, como Brasil, Nigéria e Costa do Marfim.
Por três décadas, BH sofreu com migração de investimentos, empresas e população para áreas afastadas ou municípios periféricos em detrimento do seu núcleo central. Mesmo assim, há motivos para ser otimista.
COMENTÁRIOS