Uma breve história das cidades-satélites de Brasília
O desenvolvimento urbano da capital foi muito além do Plano Piloto, mesmo antes de sua inauguração.
Porto Alegre acaba de mudar a tarifa da sua passagem de ônibus, sendo agora a capital mais cara do país para este serviço.
26 de março de 2013A passagem de Porto Alegre deveria voltar a ser R$2,85? Ou pode ser mantido o reajuste para R$3,05? Ou deveria diminuir do patamar original? Que tal R$2,00? Ou melhor, que tal deixar os ônibus grátis, como na Estônia?
Para mim, essas perguntas não deveriam nem mesmo existir, pois fundamentalmente o preço, neste caso, é apenas uma ilusão.
Por que essa pergunta não é considerada absurda como “qual deveria ser o preço de um computador em Porto Alegre”? Obviamente existem modelos, finalidades, formas de pagamento e, principalmente, necessidades diferentes para cada cidadão.
Se você notou algo estranho nestas últimas frase pensou certo: computadores são vendidos através de preços, já passagens de ônibus por tarifas.
Onde existem mercados, os valores pagos por um determinado produto ou serviço não são resultado de decisões políticas, mas resultado das trocas realizadas entre todos os “agentes de mercado” (mesmo aqueles que não participam!). O consumidor, ao decidir quantas passagens comprar (ou até mesmo não comprar) está sinalizando sua opinião em relação à qual deveria ser o preço justo da passagem para uma determinada qualidade de serviço, ajudando a definir, mesmo que inconscientemente, o preço do ônibus.
Já no sistema onde muda a tarifa mestra única surgem as manifestações, gritarias, “ocupações” e intermináveis discussões, cada um tentando impôr a sua opinião de qual deveria ser o preço universal de um determinado produto. As opiniões não diferem muito de o que acontece no mercado: quem usa quer de graça enquanto quem vende quer o preço máximo. A diferença é que com concorrência e venda por preços temos a criação de linhas de produtos diferentes assim como a inovação e a constante redução de preços. É justamente o que aconteceu com computadores: em um dos mercados mais abertos e mais concorridos do mundo o preço por byte (unidade de armazenamento de dados) caiu 100,000 vezes nos últimos 30 anos, e sempre que a tecnologia chega perto do limite uma mente inovadora traz algo novo e mais eficiente.
Mas transporte coletivo se tornou algo diferente. Os municípios tomaram o mercado à força, criando tamanha confusão que o termo na mente do cidadão tem praticamente o mesmo significado que transporte público, embora sejam conceitos diferentes. Prestadores de serviço não autorizados são considerados criminosos, e o mercado é restrito à apenas alguns agentes, que atuam em parceria com a Prefeitura (quando não exclusivamente por uma empresa estatal). O que é então cobrado são tarifas, às vezes equivocadamente chamadas de preços, pois não são definidas a partir de uma ordem espontânea entre consumidores, empreendedores e toda a rede de centenas de milhares de participantes que influenciam na construção do seu valor preço.
Nossos governantes conseguiram enraizar a ideia na população de que o fornecimento de serviços de transporte coletivo “não autorizado”, com opções, formatos, tecnologias e preços diferentes — para pessoas diferentes — é algo extremamente errado, embora o mercado de computadores seja exatamente assim e funcione muito melhor. Assim continuaremos vendo cidadãos furiosos com o aumento das tarifas, políticas ineficientes e populistas de “ônibus grátis” após anos de proibição de empreender em transporte coletivo e de planejamento pró-transporte individual e, principalmente, cidadãos emocionalmente indiferentes à aumentos de preços em lojas de informática já que simplesmente buscarão concorrentes mais baratos e eficientes.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarO desenvolvimento urbano da capital foi muito além do Plano Piloto, mesmo antes de sua inauguração.
A inteligência artificial já transforma o planejamento urbano no mundo. Mas será que cidades brasileiras estão preparadas para essa revolução? Entre potencial e desafios, o uso de IA pode tornar as cidades mais eficientes ou ampliar desigualdades. A decisão sobre seu futuro começa agora.
Confira nossa conversa com o médico Paulo Saldiva sobre como a vida urbana, a mobilidade e a poluição afetam a saúde das pessoas.
Os diferentes métodos para calcular a densidade de pessoas morando em uma determinada área podem tornar difícil o entendimento desse conceito.
Se hoje o Brasil começasse a urbanizar uma favela por semana, demoraríamos 230 anos para integrar todas as favelas e comunidades às nossas cidades. 230 anos. Ou seja, teríamos de aguardar nove gerações. Por isso, precisamos falar com urgência de soluções transitórias.
O processo de licenciamento ambiental, necessário para a aprovação de projetos nas cidades brasileiras, apresenta diversos entraves na prática.
A mudança recente na forma como o IBGE chama as favelas reflete as transformações ao longo do tempo nesses lugares e vai ao encontro de investigações acadêmicas que apontam o fortalecimento do empreendedorismo.
Iniciado em 1970, o processo de favelização na cidade de Guarulhos foi marcado por processos de migração, ações de retirada de barracos e lutas de resistência.
O domínio de facções no Brasil revela a falência do Estado e a precariedade do urbanismo formal. Transporte, serviços e espaços públicos são moldados por regras paralelas, expondo a exclusão e a desigualdade, enquanto soluções urgentes para a dignidade urbana são necessárias.
COMENTÁRIOS