Webinar | Case Puerto Madero em Buenos Aires
Confira o webinar com o arquiteto e urbanista Roberto Converti sobre o projeto de revitalização do Puerto Madero, em Buenos Aires.
Em 2011, no estado de São Paulo, o dobro de pessoas morreu por conta da má qualidade do ar do que por acidentes de trânsito.
9 de maio de 2016Por que ninguém mais usa o cavalo como meio de transporte nas cidades? O cavalo, até os primórdios do século XX, era largamente utilizado como um meio de transporte individual: uma ou duas pessoas montadas em um cavalo ou em uma carroça; ou coletivo: com dois a seis cavalos puxando um bonde Omnibus.
Entretanto, os cavalos, como qualquer outro animal, eram suscetíveis a doenças contagiosas, cansaço (muitas vezes eram abatidos na rua pelos próprios condutores dos bondes e deixados a apodrecer) e precisavam receber cuidados veterinários diversos, abrigo e alimentação. Porém, não eram estas as principais preocupações dos donos de cavalos, das empresas de Omnibus, dos passageiros e da sociedade em geral. A principal preocupação com os cavalos era a poluição.
Os dejetos gerado pelos cavalos era de proporções inimagináveis. Os centros das cidades americanas eram um verdadeiro esgoto a céu aberto, com ruas que ficavam literalmente cobertas de estrume. No final do século XIX, terrenos baldios em Nova York, que tinha uma população de aproximadamente 160 mil cavalos para 2 milhões de pessoas, chegavam a ter entre 10 e 15 metros de altura de estrume retirados das ruas. Aliado a isso, moscas, urina, carcaças e crueldade com os animais eram uma constante.
Mas os serviços de transporte estavam reféns do cavalo. Mesmo com a invenção da máquina a vapor e da rápida expansão dos caminhos-de-ferro trazidos pela Revolução Industrial, o cavalo era, ainda, essencial para as cidades. Esta situação começou a mudar com o aperfeiçoamento dos motores de combustão interna e com a invenção do automóvel. Esta invenção, iniciada por Carl Benz em 1886 e popularizada por Henry Ford, com a produção em massa do Ford T entre 1908 e 1927, provavelmente a maior invenção da história da humanidade, mudou drasticamente os padrões de viagem em todas as cidades do mundo, deu o descanso merecido ao cavalo, retirou a sujeira das ruas e tornou o transporte individual acessível a uma considerável fatia da população que não tinha condições e espaço para ter e manter cavalos.
Hoje, mais de 100 anos depois do Ford T, vivemos a ilusão de que a poluição urbana ficou no passado. Antes, a poluição era tão presente no meio da população que “se pisava” nela. Hoje, ao invés de estar no chão, ela está nos ares e nos nossos pulmões (inclusive nos pulmões de quem vai dentro do carro), e em algumas cidades é visível a ponto da cidade parar. A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou que, em 2010, 223 mil pessoas morreram de câncer de pulmão decorrente da poluição atmosférica. No estado de São Paulo, um estudo apresentado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade aponta que, em 2011, o dobro de pessoas morreu por conta da má qualidade do ar do que por acidentes de trânsito.
Enfrentamos agora um problema semelhante ao que nossos antepassados se depararam um século atrás. Sem dúvida a decisão tomada de trocar os cavalos pelos carros foi a melhor. Precisamos ser inteligentes o suficiente para saber que o automóvel não é mau, o mau uso dele que é. Portanto, temos que ter a frieza que eles tiveram ao perceberem que o mau não era o cavalo, mas sim o mau uso do cavalo, e buscar novas soluções de mobilidade, como veículos elétricos, a pé, bicicletas, transportes públicos, car sharing, car pooling e microtransporte. Mas, principalmente, devemos parar de poluir subsidiando o uso automóvel.
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