Lições sobre mudar e construir novas capitais no Sul Global
Neste momento em que o Egito e a Indonésia planejam transferir suas capitais, é bom olhar para a história de outros países que fizeram isso, como Brasil, Nigéria e Costa do Marfim.
Um ambiente com mais ciclistas e pedestres impõe maior cuidado e atenção ao motorista, tornando o trânsito mais humano e menos perigoso.
25 de setembro de 2014Tal pensamento talvez permeie a imaginação de muita gente, e uma infeliz publicação do Diário Oficial do Estado de São Paulo de 11 de Julho de 2012, sob o título: “Mais ciclistas, mais acidentes”, procurou reforçar essa ideia.
Essa afirmação é uma falácia. Estudos têm mostrado que a taxa de acidentes com ciclistas tende a diminuir com o aumento de ciclistas nas vias públicas. Mais especificamente, segundo um estudo publicado em um renomado jornal de prevenção de acidentes, dobrando o número de ciclistas nas vias a tendência é ocasionar uma queda em um terço da frequência de acidentes entre ciclistas e veículos motorizados. Pela mesma razão, triplicando a taxa de ciclismo corta a taxa de acidentes para metade.
Outro estudo mais recente também chega a conclusão similar, e essa página do Wikipedia mostra uma série de outros estudos que chegam às mesmas conclusões, em diferentes países do mundo.
Um artigo do site Vá de Bike também procurou refutar esta afirmação, colocando que a questão não deve ser permitir ou não o uso da bicicleta como meio de transporte, mas como garantir que diferentes modais de transporte possam compartilhar o espaço público de maneira harmoniosa e segura.
Existe uma hipótese teórica chamada safety in numbers (segurança em números, em tradução livre), na qual o comportamento em massa de indivíduos torna os demais indivíduos conscientes deste comportamento e portanto, no caso de ciclistas, menos suscetíveis ao perigo de acidentes. Quanto maior o número de ciclistas nas vias públicas, mais preparados e acostumados os condutores de veículos motorizados estão para reagir ao encontro de um ciclista.
O aumento exponencial de programas de bike-sharing no Brasil e no resto do mundo (mais de 700 sistemas, 700 mil bikes e 33 mil estações) ajuda a entender como o aumento de ciclistas diminui o perigo para os ciclistas.
Na América do Norte, por exemplo, depois de mais de 15 milhões de viagens realizadas, houve apenas o registro de uma morte, no sistema de Montreal. O Vélib, sistema de bike-sharing de Paris, com uma média de 80 mil viagens diárias e mais de 614 milhões de quilômetros percorridos, houve “apenas” 9 mortes em seus mais de 7 anos de existência. No Brasil até hoje não houve nenhuma morte nos sistemas de bike-sharing locais.
Um ambiente com mais ciclistas e pedestres impõe maior cuidado e atenção ao motorista, tornando o trânsito mais humano e menos perigoso. Uma maior presença de ciclistas no espaço público aumenta a percepção destes pelos motoristas.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarNeste momento em que o Egito e a Indonésia planejam transferir suas capitais, é bom olhar para a história de outros países que fizeram isso, como Brasil, Nigéria e Costa do Marfim.
Por três décadas, BH sofreu com migração de investimentos, empresas e população para áreas afastadas ou municípios periféricos em detrimento do seu núcleo central. Mesmo assim, há motivos para ser otimista.
Robert Moses é provavelmente a pessoa que teve maior impacto no desenvolvimento urbano de Nova York. Sua biografia, escrita por Robert Caro, tornou-se uma leitura indispensável não apenas entre aqueles que buscam entender o funcionamento do exercício do poder, mas também entre urbanistas e apaixonados pela cidade.
As ideias do arquiteto e urbanista dinamarquês sobre como devem ser os ambientes urbanos já foram colocadas em prática em mais de 200 localidades pelo mundo, inclusive no Brasil.
As obras da ciclovia da Av. Afonso Pena têm provocado polêmica em Belo Horizonte. Apesar das particularidades de cada cidade, quando se trata de ciclovias, os argumentos contrários costumam ser bem parecidos.
Confira nossa entrevista com Leon Myssior e Cristiano Scarpelli sobre o desenvolvimento urbano em Belo Horizonte.
Apesar de ser muito usado, o asfalto quase nunca é o melhor material para pavimentar uma rua. Tijolos, paralelepípedos e blocos costumam ser opções muito melhores.
O enfrentamento de eventos climáticos extremos, nas grandes cidades, exige enterramento da fiação elétrica e galerias compartilhadas.
Despoluição, ampliação das ciclovias e criação de espaços públicos e privados nas margens do Rio Pinheiros são avanços importantes. Contudo, o difícil acesso e a falta de integração ao entorno ainda representam enormes desafios para que a população se reaproprie da orla de um dos principais rios de São Paulo.
COMENTÁRIOS