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Pequenas intervenções preventivas no desenho urbano podem ser mais valiosas do que vários policiais.
Confira como duas empresas britânicas estão deixando o transporte interurbano mais barato. Essa iniciativa pode chegar em breve!
6 de março de 2018Devido à completa inexistência de uma alternativa ferroviária, os ônibus desempenham um papel importante no transporte interurbano de passageiros no Brasil. Enquanto aqui é comum ônibus tipo Leito para longas viagens noturnas, em outros países esta realidade está surgindo agora.
Apesar da inovação constante trazida pelas empresas tradicionais de ônibus, tais como Catarinense, Itapemirim, Águia Branca, em muito devido a crescente competição com o transporte aéreo, o mercado carece de alternativas mais baratas. Há duas empresas que estão inovando nesse sentido: uma no Brasil e outra na Europa e América do Norte. Estou falando da Buser e da Megabus.
A Megabus segue a lógica das companhias aéreas low-cost como Ryanair e Easyjet, oferecendo viagens muito baratas e minimamente confortáveis, desde que compradas com antecedência. A empresa, que já operava no Reino Unido, EUA e Canadá, incorporou recentemente a FlixBus, uma empresa alemã que está fazendo frente aos trens naquele país, algo que era proibido há uns anos, devido a uma lei passada em 1931.
Porém, diferente do Brasil, o transporte ferroviário de passageiros na Europa e o transporte aéreo na América do Norte ainda são os preferidos, já que essas empresas apelam principalmente para os clientes interessados em poupar algum dinheiro, em detrimento do conforto da viagem.
Já a Buser apresenta uma proposta diferenciada, tanto da Megabus quanto dos operadores tradicionais brasileiros: ela oferece custos mais baixos (mas não low-cost) com conforto semelhante ao transporte rodoviário brasileiro.
Através do mecanismo de fretamento colaborativo, ela consegue oferecer uma viagem confortável a um preço muito competitivo. Esse mecanismo se assemelha aos modelos de crowdsourcing e crowdfunding oferecidos pela Chariot, startup de microtransporte. A Buser funciona da seguinte maneira: alguém propõe uma viagem na página da empresa, com origem, destino, datas e o melhor preço final caso o ônibus vá cheio, e os clientes em potencial compram, em grupo, a viagem. Se o ônibus encher, todos pagam o valor mais baixo — caso contrário, pagam um valor correspondente à lotação esperada. De qualquer forma, o preço da viagem será sempre muito mais baixo que o da concorrência na rodoviária. Vejam um exemplo retirado do site:
Na rodoviária, esta viagem seria R$ 142,10 ida e volta. No fretamento colaborativo, pode sair por até até R$ 65,22 — 55% de economia!
Diferente da Uber, Cabify e outras empresas do gênero, a Buser não é uma empresa de transporte. Ela é uma verdadeira TNC – Transportation Network Company. Enquanto as primeiras contratam diretamente veículos e motoristas, a última só faz a ligação entre os passageiros interessados e as empresas de fretamento e agenciamento de viagem. Semelhante a uma romaria para Aparecida, onde os peregrinos vão à igreja da sua cidade deixar o nome e pagar a viagem, os clientes da Buser fazem isso por intermédio de um aplicativo de celular. Nos dois casos, pessoas desconhecidas fretam um ônibus de forma colaborativa!
Após o tentativa frustrada da viagem inaugural ano passado, a Buser precisa agora se consolidar no mercado e lidar com empresas “copycat”, de pessoas que gostaram da ideia e decidiram colocá-la em prática também. A grande sina dos disruptores é essa: além de enfrentarem pressão do status quo, acabam, a médio prazo, tendo seu modelo de negócios copiado.
Apesar de tudo, a Buser presta um ótimo serviço ao expor as fraquezas do transporte rodoviário de passageiros no Brasil — e mostrar, mais uma vez, que o empreendedor brasileiro é criativo o bastante para encontrar maneiras de contornar seus problemas.
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“Uber, Cabify e outras empresas do gênero” NÃO contratam diretamente motoristas. Incrível.