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O foco aqui é o ponto mais subvalorizado no debate sobre o futuro do Cais Mauá: a sua separação de Porto Alegre por um enorme muro.
23 de outubro de 2015O debate urbanístico em Porto Alegre novamente entra no improdutivo debate “nós vs. eles”, dessa vez, sobre o Cais Mauá.
Grupos organizados contestam um projeto de revitalização do Cais Mauá, parcialmente abandonado há décadas. As principais críticas são a construção de um shopping, altas torres e de grandes áreas de estacionamentos, que qualquer cidadão concordaria que não são os usos mais agradáveis para a bela orla do Guaíba.
No entanto, grupos que defendem o projeto alegam que é a única forma economicamente viável de ocupação da área. As propostas apresentadas pelos grupos contrários são visualmente atraentes, mas não convencem investidores privados, e principalmente em tempos de instabilidade econômica, contar com verbas públicas não seria razoável.
A recente assembleia para discussão sobre o projeto foi marcada por gritaria de cada lado, como torcidas organizadas brigando por uma vitória. Mas os grupos têm um importantíssimo ponto de convergência, chave da questão e visivelmente negligenciada no calor do debate: a separação da orla pela Av. Mauá e seu fatídico muro.
O muro, construído há décadas para prevenir a cidade de enchentes, destruiu o contato com a orla e, com isso, o trânsito de pedestres e o comércio de rua da região. A situação levou ao sucessivo alargamento da Av. Mauá em detrimento das calçadas, aumentando sua velocidade e ainda mais a barreira de acesso à orla.
A perda do potencial econômico, turístico e cultural ao negligenciar a orla foi inestimável, muito além do prejuízo com qualquer possível enchente no período. Ainda, muros removíveis já foram inventados para prevenção de enchentes, podendo ser rapidamente instalados em caso de risco eminente. Praga, na República Tcheca, já implementou tal sistema após enchentes devastadoras em 2002, provando seu sucesso em 2013.
O urbanismo de Porto Alegre e, principalmente, do entorno Cais Mauá, se focou no acesso por automóvel e nos usos voltados “para dentro”, como o shopping center com estacionamento do projeto proposto. Mas ajustes pontuais como o alargamento das calçadas da Av. Mauá e a extinção do muro viabilizariam economicamente formas mais interessantes de ocupação do Cais, agradando ambos lados da discussão.
Infelizmente o debate se mantém no campo “nós vs. eles”, tornando tal convergência cada vez mais distante.
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