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Sendo a Bahia um estado pobre, é difícil aceitar que se aloque R$ 1,2 bilhão de recursos públicos em uma ponte que sequer possui viabilidade econômica.
A sanha desenvolvimentista não pode ver uma ilha que logo quer uma ponte. E com Itaparica não poderia ser diferente. O sonho é antigo e se confunde com o projeto do ferry, que tinha como uma das ambições transformá-la num grande destino turístico. O que aconteceu, porém, foi justo o contrário. Com o ferry, Itaparica, que era uma joia do destino Bahia, se favelizou, estancando o turismo que migrou para o Litoral Norte, e também para Morro de São Paulo na vizinha Tinharé, que segue se desenvolvendo sem pontes ou ferries.
Mas, mesmo com tamanha evidência, o governo continua propondo a ponte. Afinal, se os cariocas fizeram a Rio-Niterói, por que é que não se pode fazer o mesmo?
É incrível que esse raciocínio siga sendo considerado por muitos dos que defendem a ponte. Como se sabe, Itaparica e o que vem depois nem de longe têm a dimensão de Niterói e suas conexões. Ou seja, não tem fluxo que justifique uma ponte.
Face a essa realidade, a defesa da ponte supõe que, com a mesma, virá o desenvolvimento e também o fluxo. Mas virá mesmo? Com o ferry não veio, e a iniciativa privada parece não acreditar em nada disso.
Tanto que, para viabilizar a ponte, o governo se compromete a aportar nada menos que um quarto do investimento previsto para a SPE exploradora. Ou seja, o setor privado, possivelmente chinês, entraria apenas com três quartos do total.
Sendo a Bahia um estado pobre, é difícil aceitar que se aloque R$ 1,2 bilhão de recursos públicos em uma ponte que nem sequer possui viabilidade econômica.
De outro lado, voltando à ponte Rio-Niterói, cabe notar que a mesma foi construída no auge do rodoviarismo, o que é completamente distinto dos dias atuais.
Hoje, qualquer pessoa minimamente informada sabe que os carros têm os dias contados. Num horizonte de cinco a dez anos serão drasticamente reduzidos, sendo substituídos por autômatos compartilhados e articulados a sistemas metroviários.
Em paralelo, também o rodoviarismo de carga encolherá significativamente, sendo substituído por modernos sistemas ferroviários e de cabotagem.
Ou seja, a ponte, em sendo necessária, deveria ser metro-ferroviária — nunca rodoviária. É de fato um absurdo o que está se propondo, mas os problemas não param aí.
Ocorre que, para tornar a ponte viável, o governo, além de entrar com parte dos recursos, mudou o projeto anteriormente pensado.
Em linhas gerais, pegou-se o vão central de 125 metros de altura e 550 metros de largura, e reduziu-se respectivamente para 85 e 450 metros.
Como se observa, para reduzir o investimento, literalmente encolheu-se o vão central, como se isso não tivesse importância. Só que tem importância, muita importância.
É inacreditável que isso tenha sido feito por uma equipe técnica, em tese séria, e esteja sendo proposto pelo governo.
Com essas novas dimensões, de acordo com especialistas da área, uma série de plataformas e navios sonda simplesmente não poderão entrar, e nem sair montados no caso de serem feitos aqui.
De outro lado, com a nova largura, navios de carga mais modernos já não poderão transitar em mão dupla, com velocidade e segurança adequadas.
E os navios, como é sabido, seguem crescendo, com o que, dado traçado do projeto, as restrições ocorrerão também no Porto de Salvador/Tecon.
Cria-se, assim, um verdadeiro gargalo que mata todo o futuro industrial e logístico da BTS e seu entorno. Ou seja, mata todo o futuro da Bahia. Vale a pena?
Artigo publicado originalmente em Correio 24 Horas em 27 de março de 2019.
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Talvez pudesse ser uma via metro-ferroviário mesmo, e de fato não deveria asfixiar o fluxo de embarcações. Seguindo esse raciocínio tenho um sonho de ver uma linha de trem de alta velocidade Feira-Salvador, seria incrível.
Creio que quando o autor se refere à Bahia como um estado pobre ele se refere à população, o estado em si é potencialmente rico mas mal administrado e utilizado.
Reportagem bem tendenciosa essa aqui hein a ponte quem arcará com 80 dos custos é consórcio ganhador e outra carros acabarem nos próximos anos é piada isso ainda demorar uns 30 anos pra carros serem extintos
E nós precisamos de novas cidades? A ponte é um erro grave, não sei qual o propósito de ler um artigo se a opinião é irredutível. Não importa se navios deixarão de chegar no porto de Salvador, não importa se a ponte destruirá a paisagem e com isso a tal beleza de Salvador, não importa se um fluxo gigantesco de veículos pesados vão entrar no meio de Salvador.
Há alternativas à ponte, como um anel rodo-ferroviário contornando a BTS, ideia há muito defendida pelo professor Paulo Ormindo.
Olhem para Itaparica e o abandono que é a ilha. Uma via pesada vai ajudar no que?
Esqueçam o rodoviarismo e entrem para o século XXI
A 1ª pergunta é, se a ponte não for construída agora este investimento que vem da china vem para o estado quando? 2ª a ponte vai beneficiar só a Ilha ou todos os municípios, e até outros estados? Pega seus Pais e Netos, passe 3 ou 4 horas na fila do Ferry depois você vem fazer polícia contra aqui.
Esse Senhor que tal comentário com avaliação, não está direcionado ao progresso, a beleza, e o entretenimento regional, é comentário partidário, para os tempos atuais…sem sentido, obviamente dispeito.
“Bahia é um estado pobre”, nossa! Essa é a frase que político corrupto adora ouvir. A população pode até viver na pobreza, mas o estado não é poder. Além da alta carga tributária, aqui tudo que se planta dá. Em qualquer pedaço de terra, encontra-se uma tipo de minerio valioso: cobre, grafite, urânio, esmeralda, etc. Sem fala no petróleo e gás. Voltando para o assunto, talvez o autor na saiba, mas os chineses pretendem construir megas cidades, uma na ilha e outra próximo de Valença, ou seja, aumentará o fluxo de pessoas dentro da região do reconcavo. Bom, gostaria de falar mais, mas o tempo dos leitores é curto.
Talvez pudesse ser uma via metro-ferroviário mesmo, e de fato não deveria asfixiar o fluxo de embarcações. Seguindo esse raciocínio tenho um sonho de ver uma linha de trem de alta velocidade Feira-Salvador, seria incrível.
Creio que quando o autor se refere à Bahia como um estado pobre ele se refere à população, o estado em si é potencialmente rico mas mal administrado e utilizado.