Uma breve história das cidades-satélites de Brasília
O desenvolvimento urbano da capital foi muito além do Plano Piloto, mesmo antes de sua inauguração.
Em entrevista para a revista Reason, Jane Jacobs fala sobre transporte público, carros e a mobilidade dos subúrbios americanos.
12 de setembro de 2013Em entrevista à Reason, onde o jornalista pergunta sobre os subúrbios americanos (altamente incentivados pelo planejamento “carrocêntrico”) ela fala:
Reason: Estou a 5 minutos de carro de todo tipo de comércio que eu preciso, mas eu não conseguiria fazer isso a pé.
Jacobs: Claro, você quer defender o carro nesses casos. É uma linha de vida. É tão importante quanto sua água.
Reason: Você não é anti-carro, certo?
Jacobs: Não. Mas eu acho que precisamos de muito mais transporte público. Mas você não pode ter transporte público na situação que você está falando.
Reason: Você não quer dizer literalmente transporte público estatal?
Jacobs: Não, todas as formas de transporte coletivo. Podem ser táxis, vans gerenciadas privadamente, qualquer coisa. Transporte onde as pessoas não precisam ser donas e possam pagar uma tarifa.
Reason: Você não é uma inimiga de um livre mercado de transportes.
Jacobs: Não. Eu gostaria que tivéssemos mais dele. Eu gostaria que não tivéssemos a noção de que precisamos de um monopólio de transporte coletivo. Eu gostaria que fosse mais competitivo — nos tipos de veículos que se usa, nas tarifas que se cobra, nas rotas que se faz, nos horários do dia que funciona. Eu já vi isso em ilhas pobres do Caribe. Eles tem um bom serviço de peruas porque é ditado pelos usuários.
Eu gostaria que pudéssemos fazer mais disso. Mas temos tanta história contra isso, e tantas coisas institucionais estabelecidas contra isso. A ideia de que você deve usar grandes veículos monstruosos, quando o serviço na verdade funcionaria melhor se fosse no tamanho de uma perua. Isso mostra o quão artificial e tolo os monopólios são. A única coisa que salva a situação é quando coisas ilegais começam a quebrar o monopólio.
Pelo jeito não é só eu que defendo a desregulamentação do transporte: estou sentado no ombro de uma gigante.
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