Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar o conteúdo. Saiba mais em Política de privacidade e conduta.
Já faz alguns anos que o Estado da China implementa políticas de fortes subsídios e incentivos à construção civil. A lógica usada pelos chineses é a mesma do filme “Campo dos Sonhos”: se você construir, eles virão.
Basicamente o que acontece é o uso do dinheiro do pobre camponês com os objetivos dos técnicos e políticos no poder: a construção das cidades serviria para estimular a economia, para sinalizar o progresso da nação (afinal, países desenvolvidos têm cidades bonitas) e para investir em infraestrutura para o futuro, já que milhões de camponeses um dia migrarão para as cidades.
Porém, os três argumentos que compõem o raciocínio são falácias econômicas, usadas pelo governo para implementar projetos gigantescos e justificar sua existência. Não é por mal (imagino que alguns políticos chineses até possam querer o bem coletivo) mas infelizmente eles erraram nos conceitos básicos de como funcionam as cidades e a economia, não vendo o prejuízo que suas políticas trazem.
Primeiro, a economia não é algo que pode ser estimulado a critério dos planejadores. Tudo que estado faz é tirar dinheiro que seria investido diretamente pelos cidadãos para investir em coisas que os cidadãos não investiriam voluntariamente.
O problema disso é que o recursos acabam sendo alocados a critério pessoal dos representantes eleitos (ou no caso da China da ditadura no comando). Estes recursos acabam subsidiando grupos de interesse que se organizam para influenciar os políticos — no caso os líderes da construção civil — ou indo para seus gastos pessoais — a chamada corrupção.
Ambas situações trazem grandes prejuízos à nação como um todo, mas que disperso por toda população é muito pequeno para os cidadãos comuns se organizarem para que isso não aconteça novamente.
Depois, a sinalização de riqueza só acaba trazendo mais prejuízos aos chineses. Apesar do que a mídia tenta passar, a China ainda não é um país rico — tem renda per capita bem abaixo da brasileira — e não é natural ela se portar como tal.
O investimento chinês em grandes obras e cidades desenvolvidas só na aparência se equivale à alguém muito pobre comprando um carro de luxo, mesmo sem saber dirigir e sem conseguir pagar o preço da gasolina. A China divulga as fotos das lindas novas construções enquanto milhares ainda passam fome no campo.
A China de Mao também utilizava estratégias como esta, chegando a derreter produtos prontos como ferramentas agrárias para atingir as metas nacionais de industrialização, na época sintoma de uma economia poderosa, mas não a causa.
A parte de investir no futuro é provavelmente a justificativa mais aceita mundialmente, e infelizmente até invejada por muitas pessoas. A crença vem do nosso viés em acreditar que toda prevenção é necessária, apesar de não agirmos desta forma no nosso dia a dia.
Se alguém que leva seu consumo de açúcar a zero ou que estoca comida e combustível para o resto da vida porque “pensa no futuro” é normalmente como um maluco, porque governos que fazem o mesmo são vistos como prudentes?
O investimento no futuro é calculado por cada um de nós baseado na nossa própria expectativa de prazer e cálculo de risco. Sabemos exatamente o prazer que teremos e todos os riscos envolvidos nas nossas decisões? Não, mas isto não justifica a intervenção estatal. Pelo contrário: como que alguém que não sabe calcular os riscos e planejar sua própria vida perfeitamente pode alegar que sabe fazer isto para uma outra pessoa?
No fim, o resultado das políticas de subsídio chinesas são semelhantes ao filme, já que tanto o campo de beisebol construído pelo personagem de Kevin Costner quanto as cidades construídas pelos burocratas chineses parecem atrair nada mais do que fantasmas, meros produtos do nosso imaginário.
Sua ajuda é importante para nossas cidades. Seja um apoiador do Caos Planejado.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Belo Horizonte foi uma capital planejada inaugurada em 1897. Seu projeto se destacou por suas ruas alinhadas e obras de infraestrutura. Porém, ao longo de seu desenvolvimento, a cidade enfrentou desafios devido à segregação social e à inadequação do plano urbanístico à topografia.
As regras e decisões sobre o planejamento das localidades afetam como as pessoas irão usar e ocupar os espaços urbanos. Lugares com pouca gente nas vias públicas e sem infraestrutura passam um sentimento maior de insegurança e tendem a registrar índices de criminalidade mais elevados. Rever leis de zoneamento e o design dos municípios, em conjunto com outras medidas, podem contribuir para mudar esse cenário e trazer mais segurança as cidades.
A partir de diversos dados, a pesquisa Supply Skepticism Revisted, da NYU, busca analisar e responder às preocupações dos que acreditam que um aumento na oferta de moradia não diminui o crescimento dos preços dos aluguéis.
São Luís carece de infraestrutura ciclística, refletindo uma cultura e políticas urbanas que favorecem o uso do carro. Para mudar essa realidade, é essencial priorizar uma abordagem mais sustentável e humana para a mobilidade urbana na cidade.
O Centro Histórico de Porto Alegre enfrenta desafios de zeladoria e alta vacância imobiliária. Iniciativas de revitalização são positivas, mas insuficientes para endereçar os variados problemas. Um mapeamento abrangente é crucial para solucionar a situação.
Anthony,
o pior é que inúmeros economistas acham que o modelo chines é um modelo bom…onde foi que os liberais erraram?
abs
Daniel Katz