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De maneira geral, para garantir a circulação universal das pessoas, as calçadas devem apresentar superfície regular, contínua, firme, antiderrapante e sem mudanças de níveis ou inclinações. Na prática, sabemos que é raro encontrar calçadas que atendam a esses parâmetros de qualidade. De todos os elementos que compõem uma calçada, a exploração dos recursos de pisos e o enfrentamento da topografia são fundamentais para garantir qualidade no desenho urbano.
As três faixas de uma calçada bem dimensionada. (Imagem: Luísa Schardon/EMBARQ Brasil)
Não são poucos os manuais e livros que sugerem como se projetar boas calçadas. Em geral, as regras preveem que as calçadas tenham no mínimo 2 metros de largura e sejam divididas em dois ou três trechos, nos quais se concentram a infraestrutura necessária, como os pontos de visita de esgoto, gás, energia, água, elementos vegetais, além também de preverem espaços para circulação de pedestres e acesso aos lotes. Ao mesmo tempo, o projeto de calçada consiste em uma combinação de quatro elementos principais: piso, mobiliário, fachada e vegetação, dos quais o piso, isso é, a acomodação da calçada sobre o solo limítrofe ao leito carroçável, representa parte fundamental das calçadas, sendo responsável pela organização dos fluxos e da infraestrutura.
O desenho de piso é responsável pela setorização da calçada, isso é, a partir do indicado diferenciando por cor, nível ou material, entende-se como um espaço de trânsito, de permanência, ou ainda uma área não acessível, onde estão localizados os pontos de infraestrutura necessários sem comprometer o fluxo de pedestres, como o poste de energia ou lixeiras. Fora isso, o desenho de calçadas não deve apenas lidar com as demandas de infraestrutura básica, mas também precisa se adequar às características locais, propondo soluções para acomodar a topografia, ou qualquer outro elemento pré-existente. Por fim, os desenhos de piso de calçadas também são a interlocução do edifício com a rua, comunicando a identidade do projeto com a cidade, buscando também garantir acessibilidade universal.
Em relação à sua materialidade, busca-se utilizar materiais que sejam resistentes e duráveis, para que garantam anos de permanência e pouca manutenção, ao mesmo tempo que se preza por texturas que sejam mais rugosas e brutas, fugindo dos pisos lisos nas áreas de circulação e garantindo segurança ao se movimentar. Além disso, é possível a partir de uma combinação de materiais especificar a setorização dos trechos, alternando cores ou a materialidade. Alguns trechos de calçadas podem ser marcados por canteiros de terra ou grama, normalmente especificando onde ficam os pontos de inspeção da infraestrutura ou também a vegetação.
Calçada com vegetação. (Imagem: Daniele Leite)
Ao mesmo tempo, o desenho de piso está totalmente relacionado à forma como o lote se relaciona com a rua, e como a topografia atua naquele lugar da cidade. Normalmente pensamos em calçadas largas e planas, mas em regiões onde a topografia é muito íngreme, é fundamental garantir uma transição suave na calçada, tanto em relação à entrada do lote, quanto em relação aos vizinhos e à continuidade da rua. Para tanto é importante que o desenho da calçada garanta a acomodação da topografia em platôs, degraus ou rampas. É importante também garantir a continuidade desse relevo entre vizinhos, para não gerar grandes degraus ou diferenças.
Exemplo de continuidade entre calçada e edifício. (Imagem: Maura Mello)
Por fim, os desenhos de piso são muitas vezes utilizados como marcos temporais e geográficos, como é o caso das calçadas feitas com os mosaicos de pedras. As pedras portuguesas, como são conhecidas as pedras em formato irregular, têm origem no calcário e no basalto e materializam desenhos que se tornaram símbolos de cidades, como no caso do Rio de Janeiro ou também murais no chão em Portugal. Hoje em dia as leis que incidem sobre esses espaços públicos acabam por limitar a possibilidade desses desenhos, mas, ao mesmo tempo, buscam trazer uma combinação de outros elementos importantes como infraestrutura verde, acessibilidade universal e conforto ambiental, o que torna as calçadas mais adequadas à vida cotidiana e menos residuais em cidades dominadas por automóveis.
Artigo publicado originalmente em ArchDaily em julho de 2022.
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