O City Advocacy Forum é uma plataforma criada pelo Council on Tall Buildings and Urban Habitat – CTBUH para discutir, de maneira colaborativa, o urbanismo de alta densidade. Por esse meio, o CTBUH reúne arquitetos, planejadores urbanos, políticos, desenvolvedores e demais agentes envolvidos no urbanismo mundial, como foi já relatado em coluna anterior.
No apagar das luzes do ano passado, o City Advocacy Forum apresentou o Vertical Urbanism Index Report 2024, ou seja, um relatório com indicadores de urbanismo vertical. Para promover essa pesquisa, o City Advocacy Forum contou com o banco de dados do The Skyscraper Center – CTBUH, dados de satélites e dados abertos da ONU, avaliando como o crescimento vertical impacta os núcleos e a expansão urbana.
Quarenta aglomerações urbanas foram selecionadas para a realização do relatório, sob os critérios de número de edifícios altos (acima de 100 metros de altura), disponibilidade de dados e diversidade geográfica. Dentro desses parâmetros, três cidades brasileiras foram analisadas: São Paulo, Goiânia e Recife. O índice foi gerado pela interseção da avaliação de dados sobre edifícios altos, densidade e habitabilidade.
Para a avaliação do quesito “Edifícios Altos”, foram analisados edifícios já existentes, em construção e propostos. Logo, foi realizada uma correlação entre edifícios altos e densidade para extrair dados, tais como o número de edificações em altura per capita. Sem surpresas, as cidades líderes foram Nova York, Hong Kong e a região metropolitana de Guangzhou, Foshan e Shenzhen, pela grande quantidade de edifícios em altura já existentes. No entanto, Toronto é a líder disparada no quesito edifícios que estão por vir (em construção e/ou propostos), isso quer dizer que, no momento, é a cidade que mais se verticaliza no mundo.
No tópico “Densidade”, foi extraída a densidade básica de cada área e correlacionada com a dinâmica espacial de crescimento ou encolhimento urbano ao longo do tempo. A resultante da análise foi um perfil de densidade ponderada avaliando a eficiência da distribuição de densidade. Neste ponto, Mumbai e Hong Kong obtiveram as primeiras colocações por sua densidade extremamente alta, enquanto a maior parte das cidades americanas e da Austrália ficaram no lado oposto.
A avaliação da “Habitabilidade” foi realizada pela análise de fatores sociais, ambientais e econômicos. Aqui, uma surpresa para os autores: “com exceções de algumas cidades, edifícios altos e densidades foram negativamente correlacionados com a habitabilidade”. No quesito “Social”, Cingapura foi a líder. No “Ambiental”, Melbourne. Já no fator “Econômico”, foi Dubai.
Com a junção das pontuações obtidas em cada critério, o melhor desempenho ficou para Hong Kong, devido à sua alta pontuação nas avaliações de “Edifícios Altos” e “Densidade”, enquanto a performance em “Habitabilidade” ficou na média geral. Logo após a cidade de território autônomo apareceram Toronto, Nova York, Tóquio e Cingapura.
As três cidades brasileiras analisadas ficaram abaixo da média em todos os quesitos, talvez sem surpresas para muitos. A melhor colocada foi São Paulo, em 21º lugar, depois Goiânia (32º) e Recife (38º). O melhor desempenho das capitais paulista e goiana foi no fator de “Habitabilidade”, enquanto a capital pernambucana desempenhou melhor em “Densidade”. Gostaria de ver na próxima avaliação a criticada por muitos brasileiros, Balneário Camboriú. Acredito que, de longe, desempenharia com o melhor índice de urbanismo vertical do Brasil e, talvez, competindo entre as dez primeiras colocações.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.