Mestre em Arquitetura e urbanismo (Uniritter/Mackenzie); Doutorando em arquitetura (PROPAR/UFRGS); Membro do Council on Tall Building and Urban Habitat (CTBUH). ([email protected])
O Canadá é um país com uma população estimada em 38 milhões de habitantes (2020), em que 3/4 vivem em áreas meridionais a 150 km dos Estados Unidos. Além disso, 2/3 de seu povo são de imigrantes que buscam lá oportunidades melhores para viver, muitas delas oferecidas pelo próprio governo.
O crescimento imigratório é tão alto que no último ano, em 2022, o país recebeu mais de 1 milhão de pessoas de outras nacionalidades. Aproximadamente 42% dessa nova população imigrou para Ontário, província mais populosa do Canadá, que detém 40% da população do país.
Existe a perspectiva de aumento da população imigratória, e metas foram traçadas para resolver um problema que já está acontecendo e tende a piorar: a crise da oferta da moradia. O governo, com ajuda do setor privado, elaborou um plano ambicioso de construir 1,5 milhões de novas moradias até 2031. A cidade que irá tomar frente nessa meta é a capital da província e a mais populosa cidade do país, Toronto.
Com 2,6 milhões de habitantes e sendo a capital econômica do Canadá, Toronto vem passando por transformações na sua paisagem. Desde o início do século XXI, é a cidade com o maior número de construção de arranha-céus da América. Dados do CTBUH revelam que há mais de 100 edifícios altos em construção e 300 em aprovação.
O fato levará a cidade canadense a ultrapassar Chicago, cidade berço dos arranha-céus, na quantidade de edifícios desse porte. Ficará atrás apenas de Nova York, em 2.º lugar, como a cidade ocidental com maior número de arranha-céus no mundo. Esse processo ganhou o apelido de “manhattanization”.
Para se ter uma ideia, fora a CN Tower, com altura de 553 m, a edificação mais alta da cidade é a First Canadian Place, com 298 m de altura. Em construção já existem três arranha-céus que irão ultrapassá-la: The One (328 m), Sky Tower (312 m) e Concord Sky (299 m). Todos os três para uso residencial.
Além deles, outras seis torres estão em fase de aprovação e pretendem ultrapassar a altura do First Canadian Place. Para culminar, há mais de 50 outras edificações em aprovação com a altura superior a 200 m, o que dá mais ou menos 66 andares para mais. A imensa maioria, também para apartamentos.
Em prol de acompanhar a crescente e incrível verticalização de Toronto, o designer de marketing digital, Stephen Velasco, criou a Future Model Toronto: uma plataforma na web que explora, num grande modelo 3D da cidade, as atualizações frequentes de novos edifícios que estão em construção ou em aprovação.
A ideia é auxiliar tanto desenvolvedores, quanto planejadores locais. Velasco examina diversas regiões da cidade e difere com cores nos modelos o que vem acontecendo de novo na maior cidade do Canadá.
Será que Toronto demonstrará que é possível resolver o déficit habitacional com a construção acentuada de edificações altas?
Será que Toronto demonstrará ser possível uma transformação na sua paisagem, mantendo sua história?
Será que Toronto demonstrará ser possível uma verticalização agradável à percepção humana?
Será Toronto uma Nova York do século XXI? Perguntas que não serão possíveis de responder nesse momento e teremos que aguardar sua incrível verticalização para extrair resultados. Contudo, já vemos que Toronto adotou como alternativa os arranha-céus para encarar seus problemas atuais e os que estão por vir.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.
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