Mercado imobiliário em Natal: o impacto de um Plano Diretor que congelou a cidade

15 de março de 2023

Após uma década de intensa diminuição da atividade imobiliária em Natal, o interesse por novos empreendimentos aumentou fortemente de 2021 para 2022. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), as consultas prévias saltaram de 9 para 40, referentes em sua maioria à possível construção de habitações multifamiliares. 

É um aumento de 344% em curtíssimo período! A principal causa é a recente aprovação do Plano Diretor Municipal (PDM) de 2022. Mas se um PDM é capaz de impulsionar tão fortemente o setor, a quais fatores se devem os tímidos resultados da década anterior sob a vigência do PDM-2007? 

Mercado Imobiliário em Natal: histórico recente

Nos idos de 1986, o Banco Nacional de Habitação (BNH) cessou a oferta de financiamentos para imóveis. Como resultado as incorporadoras, construtoras e imobiliárias tiveram de adaptar suas estratégias de atuação. Nasceu daí uma ênfase, ao longo dos anos 90, em empreendimentos mirando as classes média e média-alta em Natal, predominando a verticalização de construções majoritariamente residenciais na parte leste e, agora, também na parte sul da cidade.

Ao mesmo tempo, no início dos anos 90, o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR/NE) iniciou a implementação de estruturas e de estratégias para atração de turistas e de investimentos do exterior. A principal consequência para a realidade local foi a chegada de um novo agente econômico: o comprador estrangeiro em busca de adquirir propriedades com potencial de valorização e de lucratividade.

De 2000 a 2008 ocorreu um boom no turismo estadual que só enfraqueceu a partir da crise financeira de 2007–2008. O aumento do fluxo turístico na Grande Natal foi de 51,5% entre 2001 e 2010. O Estado contabilizou o incremento da arrecadação via turismo em 51,28% de 2006 a 2010.

A crise e a Copa do Mundo (da qual Natal tornou-se subsede em 2009) trouxeram duas consequências: a diminuição de investimentos do exterior e a chegada das grandes incorporadoras nacionais (com capital aberto) por ocasião das obras para o evento.

A produção imobiliária na cidade, que atingiu em 2011 um recorde de 6.000 unidades construídas, sofreu a seguir os efeitos da crise e da explosão da oferta: os imóveis não foram todos absorvidos e os lançamentos despencaram. Em 2018, apenas um empreendimento foi lançado!

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Arquiteta e urbansita, especialista em Gestão de Projetos e mestre em arquitetura pela UFRN. Atualmente é sócia da PSA Arquitetura em São Paulo e da PYPA Urbanismo & Desenvolvimento Urbano em Natal-RN. ([email protected])
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