Contrapontos necessários

18 de fevereiro de 2023

Nessa primeira coluna, farei uma breve apresentação do que poderá ser encontrado por aqui nas próximas edições.

Sou advogado e entusiasta das cidades. Como criador do movimento São Paulo YIMBY, presente no Instagram e Twitter no perfil de igual nome, abordo as polêmicas envolvendo NIMBYs e YIMBYs (grupos favoráveis e contrários às transformações urbanas), entre outras dinâmicas locais, e busca discutir os caminhos possíveis para o desenvolvimento urbano de São Paulo, afastando-se dos tradicionais dogmas que envolvem o debate.

O movimento YIMBY surgiu inicialmente nos Estados Unidos dentro do contexto da inacessibilidade habitacional e desigualdade socioespacial. Entre os diagnósticos do encarecimento da moradia e equívocos no desenvolvimento das cidades americanas, está a influência de grupos de moradores em condições socialmente e politicamente privilegiadas, os quais possuem papel decisivo nas discussões relacionas ao zoneamento, moradia social, infraestrutura viária e transporte coletivo.

Conjuntamente, identificaram-se as consequências dessa interferência para além da temática habitacional, como as questões ambientais envolvidas no espraiamento urbano, seja pela destruição de biomas como pelo incentivo ao uso de automóveis; a perda da vitalidade de ruas e centros urbanos; o incremento da desigualdade entre raças e classes.

No Brasil e especialmente em São Paulo, desenvolvemos o movimento contextualizando com a conjuntura local, a qual, embora com consequências em parte assemelhadas aos casos americanos, possui causas e soluções que devem ser adaptadas à nossa realidade. 

Dessa forma, busco conduzir o movimento em 4 eixos, que serão explicados abaixo e também objeto das próximas colunas: edificações; mobilidade; espaços públicos; iniciativas entre o poder público e a iniciativa privada. 

Em edificações, a relação entre normas, como às relacionadas ao zoneamento e Plano Diretor, e as construções residenciais e comerciais. Trataremos o modo que a regulação urbana pode influenciar a acessibilidade habitacional, sua localização e relação urbana, como a possibilidade de usos-mistos, fachada ativa e recuos menores.

A possibilidade de densificação de áreas estruturadas com empregos e serviços, e o desenvolvimento orientado ao transporte coletivo são alguns dos meus principais direcionamentos para aliar da melhor forma a demanda habitacional da população com oferta do mercado ou do poder público.

No tema mobilidade, abordaremos a mobilidade ativa de pedestres e ciclistas, bem como a melhor estruturação do transporte coletivo, os quais são temas primordiais ante as atuais necessidades de uma metrópole como São Paulo.

Para os espaços públicos, defendemos desde a melhor relação das edificações com as áreas externas, com fachadas ativas e recuos que facilitem a relação urbana; como a requalificação de ruas, implantação de espaços para usufruto público, parques e praças, pela administração pública ou a iniciativa privada.

Por fim, em relação às iniciativas entre o poder público e a iniciativa privada, entendemos que o Estado moderno não comporta um virtual antagonismo entre esferas que devem atuar em conjunto, suprindo as respectivas dificuldades e omissões, para atender as necessidades da sociedade.

Sendo assim, buscando distinguir os diversos aspectos das discussões correntes em São Paulo e outras localidades, sem perder o foco na defesa de propostas baseadas em evidências, é o que pretendo contribuir nas próximas colunas.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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