Arranha-céus, o que são?

15 de fevereiro de 2023

O que são arranha-céus? Edificações que “arranham” o céu? Nem sempre foram. Antes desse termo nos referir a um edifício muito alto, a palavra possuiu diversas outras definições, tais como homem muito alto, pássaro de alto voo, vela leve no topo de mastro e, até mesmo, nome de cavalo de corrida.

No entanto, a terminologia skyscraper obteve uma denotação arquitetônica no início da década de 1880 em uma reportagem do Chicago Daily, sobre a arquitetura de Nova York, intitulada “Mania de Edifícios Altos”, com o subtítulo “nossos arranha-céus”.

Essa matéria abordava a crescente quantidade de edifícios altos que Manhattan passava a receber e, assim, a fantasia de “arranhar o céu” como um ato do homem sobre o universo passou a ser documentada no nosso imaginário de edificações altas.

Mas afinal, como definimos o que é um arranha-céu? Existem vários critérios para essa definição. Alguns adotam edifícios acima de 100 m de altura, outros 150 m de altura para que a edificação seja chamada de arranha-céu. Nenhuma está errada, porém, a mais usual para catalogar a altura de uma edificação é o “Critério de Edifício Alto” utilizado pelo Council on Tall Building and Urban Habitat (CTBUH).

Inclusive, a metodologia não emprega a palavra “arranha-céu” nas suas regras e, sim, os termos “Alto”, menor que 300 m de altura, “Super Alto”, maior que 300 m e menor que 600 m, e “Mega Alto”, mais alto que 600 m. Então qualquer edifício menor que 300 m é considerado “alto”? Não necessariamente.

Para o CTBUH, o que distingue se o edifício é alto ou não é a altura em relação ao contexto e à sua proporção. Ou seja, se um edifício de 50 m (em torno de 16 pavimentos) estiver em um local de edificações de 4 ou 5 pavimentos, ele será considerado alto. Se esse mesmo edifício estiver em uma zona de edifícios de 60 m de altura, não será visto como uma edificação alta.

Da mesma forma acontece com a proporção, algumas edificações são finas o suficiente para parecerem altas, enquanto outras são largas demais, o que tira a sensação de altura delas. Bem, de forma geral, para não ficar tão confuso, trataremos edifícios acima de 50 m como altos, assim como, em regra, faz o CTBUH. 

Faço essa pequena introdução do que é um arranha-céu ou um edifício em altura, pois será o principal tema dessa coluna. Tratar como essa tipologia ganha nosso imaginário, seja para elogiar ou criticar, de uma maneira leve para que consigamos desmistificar o edifício alto, de tal forma que percamos o pré-conceito estabelecido e possamos cada vez mais implementar edificações em altura que conversem e agreguem às nossas cidades. Afinal, não é à toa que ano após ano se constroem cada vez mais arranha-céus. Espero que gostem.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UniRitter/Mackenzie) e Doutor em Arquitetura (UFRGS). Membro do Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH) e líder do CTBUH Brazil Chapter. ([email protected])
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