UBS Global Real Estate Bubble Index 2024: Complemento na Análise de Cidades Brasileiras
31 de outubro de 2024O UBS Global Real Estate Bubble Index 2024 analisa os riscos de bolhas imobiliárias nas principais metrópoles globais. Esse risco refere-se à desvalorização abrupta dos preços dos imóveis, geralmente causada por um descolamento entre preços e rendimentos locais. Desde a crise financeira de 2008, políticas monetárias expansionistas, como juros baixos e abundante liquidez, elevaram os preços dos imóveis em várias regiões.
O índice é crucial para investidores que buscam entender os riscos e otimizar suas decisões, oferecendo uma perspectiva sobre onde os preços estão em risco de correção. O relatório UBS de 2024 mostra mudanças significativas, com algumas regiões registrando declínios e outras um aumento dos riscos.
Contexto Global
Cruzando subíndices de preço/renda (avalia se o preço dos imóveis está compatível com a renda das famílias), preço/aluguel (compara o custo de comprar um imóvel com o de alugá-lo) e crescimento real dos preços e aluguéis, o UBS apresentou em setembro as cidades com maior risco de bolha imobiliária, destacando Miami e Tóquio. Globalmente, os riscos diminuíram em várias cidades europeias, como Frankfurt e Munique, devido ao aumento das taxas de juros. Na Ásia-Pacífico, os riscos se mantiveram estáveis, enquanto nos EUA cidades como Miami e Los Angeles viram um aumento nos riscos.
Miami é a cidade com maior risco de bolha em 2024, impulsionado pela demanda de indivíduos de alta renda, especialmente pela migração de americanos para a Flórida, concentrada em Miami. Embora Miami apresente um indicador de risco elevado, a média do condado de Miami-Dade e de outras regiões da Flórida possuem valores mais acessíveis, o que sugere menor risco e oportunidades de investimento.
Cenário Brasileiro
Após um período de estagnação, os preços dos imóveis em São Paulo apresentaram um leve aumento ajustado pela inflação pelo segundo ano consecutivo. Ainda assim, os preços reais permanecem mais de 20% abaixo do pico registrado no final de 2014. Com as taxas de juros ainda muito elevadas, o aluguel continua sendo uma opção financeiramente mais atraente do que a compra, o que resultou em um aumento de cerca de 10% nos aluguéis em termos reais nos últimos quatro trimestres. Isso significa que o risco de uma bolha imobiliária atualmente é baixo.
O UBS Global Real Estate Bubble Index 2024 revela um cenário dinâmico, ressaltando a importância de compreender tanto as condições globais quanto as especificidades locais. No contexto brasileiro, os indicadores do Instituto Cidades Responsivas complementam a visão global com uma análise detalhada sobre o acesso à habitação no Brasil. A atualização mais recente, de junho de 2024, mostrou que a estabilidade dos preços em Porto Alegre, mesmo após a enchente de maio, reflete uma dinâmica mista, com algumas áreas desvalorizadas pelas cheias e outras valorizando.
Esses indicadores oferecem uma visão clara do mercado imobiliário brasileiro, destacando como políticas públicas e ajustes no financiamento afetam o acesso à moradia. Investidores devem acompanhar essas análises para entender as flutuações de preços e a acessibilidade habitacional. Embora o contexto global tenha impacto no Brasil, políticas locais, como incentivos à construção, são fundamentais para reduzir o desequilíbrio entre oferta e demanda.
Rodrigo Rocha
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.