Tecnologia e cidades

13 de setembro de 2024

No coração desse movimento, está a capacidade de usar dados e sistemas inteligentes para otimizar o funcionamento das cidades, melhorar a prestação de serviços públicos e, principalmente, tornar o ambiente urbano mais acessível. 

Abaixo, compartilho alguns dos benefícios do uso da tecnologia no desenvolvimento urbano e ações territoriais:

1. Gestão mais eficiente dos recursos urbanos

O uso de tecnologias como sensores, sistemas de monitoramento e inteligência artificial permite que as cidades gerenciem seus recursos de forma muito mais eficiente. Por exemplo, em áreas como transporte, coleta de lixo e fornecimento de água e energia, a automação permite que esses serviços sejam ajustados em tempo real para atender à demanda, evitando desperdícios e reduzindo custos.

Em Songdo, Coreia do Sul, a coleta de lixo é automatizada, eliminando a necessidade de caminhões nas ruas, a energia é monitorada e controlada em tempo real e o tráfego é gerido por sistemas que otimizam os fluxos de veículos. 

2. Melhoria na mobilidade urbana

Uma das principais vantagens da tecnologia no espaço urbano é a melhoria da mobilidade. Aplicativos de transporte público, sistemas de compartilhamento de bicicletas e carros, além de soluções de gestão de tráfego em tempo real, podem reduzir congestionamentos e otimizar o deslocamento de pessoas. Cidades como Curitiba, no Brasil, pioneira no sistema de BRT (Bus Rapid Transit), mostraram como a tecnologia pode transformar a forma como as pessoas se movimentam, facilitando o acesso a diferentes regiões da cidade.

3. Planejamento urbano inteligente

A tecnologia também está redefinindo o planejamento urbano, permitindo que gestores e planejadores tomem decisões com base em dados concretos. Ferramentas de modelagem digital, como o uso de gêmeos digitais (digital twins), simulam o funcionamento das cidades em diferentes cenários, permitindo que políticas e mudanças sejam testadas antes de sua implementação, diminuindo riscos e otimizando investimentos.

4. A conectividade digital como aliada na Gestão Comunitária

O uso de aplicativos e redes sociais também tem se mostrado uma ferramenta necessária para facilitar a organização e a comunicação nas cidades, especialmente em favelas. Durante a pandemia, por exemplo, esses recursos foram importantes para evitar caos e desorganização em momentos de distribuição. 

No Jardim Colombo, uma favela em São Paulo, a pandemia trouxe o desafio da distribuição de cestas básicas de forma organizada, sem causar aglomerações ou gerar desespero entre os moradores. As lideranças comunitárias encontraram nos grupos de WhatsApp uma solução simples, mas extremamente eficaz. Cada grupo, com cerca de 250 moradores, recebia listas com as datas e horários para a retirada das cestas, evitando que muitas pessoas se concentrassem no mesmo local ao mesmo tempo. 

Após o período da pandemia, esses grupos permaneceram ativos, transformando-se em canais de comunicação rápida e integrada dentro da comunidade. Hoje, qualquer informação importante pode ser compartilhada com eficiência entre os moradores por meio desses grupos, garantindo que todos estejam cientes de eventos, mudanças e atualizações que afetam o espaço. 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

Compartilhar:

Arquiteta e ativista urbana, pós graduada em urbanismo social e habitação e cidade, mestre em Projeto, Produção e Gestão do Espaço Urbano, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, atua com a gestão de projetos e ações sociais em territórios periféricos no Instituto Fazendinhando.
VER MAIS COLUNAS