Albert Einstein disse que “a gravidade é a primeira coisa em que não pensamos”. Maçãs sempre caíram das macieiras, mesmo que Isaac Newton só tenha formulado a lei da gravitação universal, em sua obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica“, três séculos atrás.
Dizem que Isaac Newton “descobriu a gravidade” durante um período de isolamento em sua terra natal, mas mesmo que a lenda seja verdadeira, suas teorias foram formatadas, finalizadas e publicadas quando em Cambridge e Londres, respectivamente o principal polo de educação e pesquisa e a maior cidade da Inglaterra.
O registro é relevante, porque descobertas como as de Isaac Newton não surgem da reflexão solitária, mas do caldo – e da troca – de conhecimentos que só atingem “massa crítica” em universidades como Cambridge e centros urbanos candentes e densos como Londres (até mesmo a Londres do século 17).
Segundo Ben Wilson, em “Metrópole: A história das cidades, a maior invenção humana“, “(…) as cidades têm operado como gigantescas centrais de informação; é a interação dinâmica de pessoas em metrópoles densas e populosas que engendra as ideias, as técnicas, as revoluções e as inovações que impulsionam a história”, e “as cidades sempre foram os laboratórios da humanidade, os espaços onde a história se desenrola e se acelera”.
A simples alteração de uso de qualquer setor de uma cidade de casas para pequenos prédios gera uma potência civilizatória. Um passo adiante em favor da densidade, com a alteração para uso misto e prédios mais altos, pode gerar, novamente por Ben Wilson, uma verdadeira revolução: “sempre que uma área dobra sua densidade populacional, ela se torna de 2% a 5% mais produtiva: as energias contidas nas cidades nos tornam coletivamente mais competitivos e empreendedores”.
Se por séculos a fio o pouco conhecimento e o lento processo civilizatório se desenvolveram de forma lenta e essencialmente circunscritos a mosteiros e locais de estudo de propriedade das cúpulas religiosas e dos monarcas, xás, imperadores e congêneres, foi pelo surgimento, crescimento e migração da população para as cidades que o conhecimento, a educação e a ciência ganharam tração, se avolumaram e, com isso, progredimos todos em termos civilizatórios, de saúde, conhecimento, tecnologia.
A revolução industrial está na raiz da “invenção” da cidade moderna, mas é a cidade moderna, densa, de uso misto, que está na raiz da evolução humana e da civilização.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.