Retrofit e revitalização urbana: o concurso do SESC Galeria

20 de março de 2025

A revitalização dos grandes centros urbanos tem sido um dos principais desafios para o urbanismo contemporâneo. O retrofit desponta como uma solução viável, combinando a preservação patrimonial com a modernização necessária para atender às demandas atuais. A recente abertura do concurso de arquitetura do SESC Galeria para uma nova unidade no centro de São Paulo reforça essa tendência. O projeto ganhador deve manter a fachada original do Edifício João Brícola, que já foi sede de uma das primeiras e maiores lojas de departamento do Brasil, o Mappin, ao mesmo tempo que deve criar um ambiente acessível, integrador e adaptável, promovendo uma conexão contínua com o entorno.

O retrofit permite dar nova vida a edifícios antigos sem a necessidade de demolição, conservando infraestruturas existentes e incorporando soluções contemporâneas. Essa abordagem se alinha às diretrizes ESG (ambiental, social e governança), reduzindo o desperdício de materiais e os impactos ambientais de novas construções.

No centro de São Paulo, onde há um acervo de edifícios históricos degradados, o retrofit se apresenta como solução para problemas como vacância, abandono e infraestrutura deficiente. A iniciativa do SESC de promover um concurso para sua nova unidade na região reforça o compromisso com a revitalização urbana. A instituição tem um histórico de projetos inovadores, promovendo inclusão e eficiência ambiental, e espera-se que esse novo empreendimento valorize o entorno e estimule o desenvolvimento da área.

Para arquitetos e urbanistas, um dos grandes desafios desse processo é equilibrar a preservação da identidade dos edifícios com sua adaptação para novas funções. Em São Paulo, um dos mercados imobiliários mais dinâmicos do país, a viabilidade financeira desses projetos é um ponto crítico. Incentivos fiscais, parcerias público-privadas e regulações urbanísticas flexíveis são essenciais para tornar o retrofit economicamente viável e socialmente relevante.

A transformação de prédios obsoletos em espaços modernos fortalece a vitalidade urbana e estimula a interação social. A nova unidade do SESC tem potencial para se tornar uma referência nacional, demonstrando que a renovação urbana pode valorizar a memória coletiva e fomentar a ocupação qualificada de áreas subutilizadas.

A tendência mundial é valorizar a reutilização de espaços existentes, reduzindo a pegada ecológica da construção civil. Preservar edifícios históricos também fortalece a identidade cultural das cidades, tornando-as mais atraentes para moradores e visitantes. O concurso do SESC representa uma oportunidade para discutir o futuro das cidades e reafirmar o papel da arquitetura na transformação social.

O retrofit é, portanto, muito mais que uma técnica construtiva. Ele se consolida como uma estratégia de planejamento urbano capaz de conectar passado e futuro, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e responsável para os centros urbanos brasileiros. A iniciativa do SESC pode ser um marco para outras instituições e empresas do setor, incentivando uma nova era de requalificação urbana no Brasil. Agora, resta aguardar o resultado final em agosto de 2025!

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Arquiteta e urbansita, especialista em Gestão de Projetos e mestre em arquitetura pela UFRN. Atualmente é sócia da PSA Arquitetura em São Paulo e da PYPA Urbanismo & Desenvolvimento Urbano em Natal-RN. ([email protected])
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