O que será dos shopping centers?

11 de dezembro de 2024

O texto desta semana será sobre essas grandes edificações, amadas e odiadas, que aglomeram diversos tipos de comércio entre enormes circulações, ares-condicionados que refrescam o ambiente fechado e uma dita segurança para as pessoas caminharem à vontade. 

Em Porto Alegre, na semana passada, fui ao Pontal Shopping, mais especificamente visitar a âncora Leroy Merlin, a polêmica loja do paredão branco frente ao Guaíba. Logo após a passada na Leroy, caminhei pelos deprimentes corredores do shopping. Digo deprimentes pois dificilmente há metade dos espaços comerciais ocupados, ou seja, se caminha por circulações de tapumes e não de vitrines. A não ser por seus badalados restaurantes e as lojas que fazem frente ao parque, é melancólico visitar o shopping à beira do Guaíba.

Inaugurado há um ano e meio, o Pontal está localizado a 300 m de um dos maiores shoppings da cidade, o Barra Shopping Sul, e a quase 4 km de um dos mais antigos, o Praia de Belas. Ademais, para agravar a sua situação, só é confortável de chegar de carro, pois são necessárias grandes caminhadas por avenidas “descampadas” até a sua porta de entrada, por estar incrustado na ponta de um morro cortado por vias rápidas. 

Do outro lado da cidade, na zona norte, há o Bourbon Wallig, provavelmente o pior shopping de Porto Alegre. Repleto de lojas vazias, ele até está inserido em um local de bastante movimento, mas o projeto de fluxo mal elaborado transformou os corredores em grandes labirintos. Além disso, está localizado cerca 1,3 km de distância do queridinho Shopping Center Iguatemi.

Também próximo ao Iguatemi, a 800 m na mesma avenida, fica o Astir Center Mall, um shopping que nunca abriu em sua totalidade. Ora teve uma loja de departamento esportivo, e agora um supermercado e uma loja de carros importados. 

A cerca de 400 m do Astir, consequentemente a 1200 m de distância do queridinho Iguatemi, está o Espaço Unisinos, um pequeno de excelente arquitetura ao lado da universidade de mesmo nome. Nunca vingou, infelizmente. Muito próximo deste, ambos a 600 m, estão para serem inaugurados mais dois shoppings, com 500 m de distância entre um e outro. Um com conceito de mall aberto e outro com jeito “contemporâneo” dos Bourbon shoppings. Nem foram inaugurados, mas alguém tem dúvida que já não estejam condenados ao fracasso?

Juro que espero estar enganado, mas essa é a tendência. Primeiro, não há demanda para tantos shoppings em uma cidade em que a população não cresce e em um mundo cada vez mais voltado para o e-commerce. Segundo, nas regiões onde estão alocados não há densidade populacional suficiente para movimentá-los como “shoppings de bairros” tendo um Iguatemi tão próximo. Terceiro, há pouca caminhabilidade. Juntando a demanda e a densidade, não há atrativos para se chegar a pé até eles. Agradável até é, pois são ruas arborizadas, entretanto, não há nada a não ser edifícios residenciais cercados. Uma pena.

Tenho meus desgostos pelos shoppings, mas já que foram e estão sendo construídos, gostaria que dessem certo. Vale mais um shopping movimentado do que um elefante branco abandonado na cidade, e aí está um ponto: uma hora a conta vai parar de fechar, se é que ainda está fechando. Então, o que irão fazer com essas enormes construções?

Mantê-las praticamente abandonadas ou demolí-las para construção de novas edificações?

Readaptá-las para outros usos, como hospitais, faculdades e escolas, espaços culturais, museus, escritórios ou moradias? São edifícios de difíceis adaptações, dependendo da nova utilidade, porque são grandes caixas sem janelas.

Algo é certo: não estamos longe de começar a pensar o que será dos shopping centers.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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