Shoppings Centers?
Espigões?
Condomínios de edifícios cercados por áreas condominiais?
Bases de estacionamento?
Condomínios de casas murados?
Que nada!
O novo mal é baixinho, faz bem para a saúde e é replicado tipo “praga” nas cidades brasileiras. São farmácias que pipocam por todos os cantos numa velocidade e quantidade desenfreada.
Na verdade, a questão não são as farmácias em si. Porém, um modelo padrão e pré-fabricado que é replicado por onde quer que seja sem levar em consideração o tamanho do terreno e muito menos o lugar. Aliás, as dimensões do terreno até importam, há um mínimo necessário para comportar esse modelo pré-estabelecido.
Por falar nele, esse modelo é um cubo de, normalmente, um pavimento, alocado nos fundos do terreno. Na frente, ou seja, nas testadas do lote que dão para a calçada, há um mísero jardim com um totem da marca e vagas rápidas – muitas vagas – de estacionamento.
Esse modelo padronizado aparece em esquinas e meio de quadras, sendo mais comum nos cruzamentos movimentados. Por vezes, estão até nas quatro esquinas de um cruzamento, como quatro diferentes marcas, ou até mesmo a mesma marca em duas esquinas, na diagonal, devido à “demanda”.
O negócio parece ser lucrativo, pois numa esquina de uma das mais movimentadas ruas de Porto Alegre, a Rua 24 de Outubro, está sendo demolido um edifício de quatro pavimentos para surgir no local o típico modelo padronizado de farmácia. A expectativa é saber qual marca virá.
A velocidade do aparecimento desse modelo é tamanha que certo dia um colega comentou num grupo:
“Quem mora em prédio de esquina que se cuide. Pode sair para trabalhar e na volta ter uma farmácia no lugar.”
Pequenas edificações históricas também são vítimas. Em Uruguaiana, cidade no Rio Grande do Sul que faz fronteira com a Argentina, casarões históricos em duas esquinas da praça principal foram demolidos para ser construído no local o típico modelo de farmácias. Uma pena.
Também há exemplos que destroem conjuntos de lojas recém construídas, vagas para aluguel, para pôr em prática o famoso modelo, é impressionante!
Esse modelo padrão, pré-fabricado, padronizado, pré-estabelecido, quebra uniformidades e caráteres de ambiências, pois não se contextualiza com nada ao redor. Quando implementados, parecem sempre um “buraco” na quadra.
Vejam bem, não sou contra o aparecimento de farmácias, pois acredito que quanto mais houver, melhor será a eficiência para uma população cada vez mais idosa. Contudo, custa tanto assim adaptá-las ao que há, ao que existe no local?
Por que as farmácias não estão alocadas em lojas térreas nos edifícios?
Por que as farmácias não se adaptam às lojas vagas para alugar?
Por que não se adaptam aos casarões antigos para manter o caráter local?
Bom, se for para demolir o que existe para construir algo novo, que esse novo se “amarre” ao local, que seja um modelo específico para aquele lugar. O modelo padrão de hoje até fachada ativa tem, mas de que adianta vitrine a metros de distância da calçada?
Não consigo acreditar que exista uma explicação extremamente lógica para esse “pipocar” de farmácias padrões, destruindo o que quer que seja, a não ser o custo e a facilidade de execução. O que é uma pena, novamente, pois é possível, sim, adaptar-se ao local com baixo custo e fácil execução.
Os maus exemplos de edifícios altos devem estar comemorando por não serem criticados esta semana, mas farei um adendo para eles: a padronização com a desculpa do custo e execução também acontece –e MUITO – por aqui. A indagação é que muitas vezes a crítica recai sobre obras grandes, que aparecem mais, enquanto os maus exemplos menores se propagam feito pragas.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.