“A cor dessa cidade sou eu…
O canto dessa cidade é meu…”
Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 8 de março, utilizo os versos iniciais da música ‘O Canto da Cidade’, composta por Daniela Mercury para que possamos refletir a evolução da sociedade e de nossas cidades a partir do momento em que nós, mulheres, conseguimos evoluir.
Não é nosso desejo partir para algum debate que envolva crenças e religiosidade, entretanto, importante citar o livro de Gênesis, que trata das origens do mundo e da sociedade, homens e mulheres são iguais em seu ser e iguais em seu propósito ou função.
Mas reflitamos: precisou ser criado um dia para o mundo lembrar que existimos, que devemos ser respeitadas, que devemos ser comemoradas, que devemos estar em mesmo patamar de direitos e deveres para com a sociedade em que somos parte.
Vários e diversos são os relatos da origem desta data, instituída em 1975, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como um dia de protesto por direitos ou por celebrar o feminino, no entanto, prefiro concentrar este momento para refletir o quanto nós, mulheres, estamos modificando o perfil de nossas cidades.
Se o voto foi algo, na maioria dos países uma conquista nossa no século XX, fomos decisivas na revolução agrícola, quando do estabelecimento das primeiras comunidades, ficando sob nossa responsabilidade o cuidado com o território e quem ele abrigava. Na revolução industrial contribuímos na formação das cidades, de sua economia, indo às fábricas como força de trabalho e consolidando a estrutura de uma sociedade hierarquizada no trabalho e na família.
Ainda no século XX, com o advento dos métodos contraceptivos — e aqui vamos nos deter somente no controle da natalidade — estes, nos fizeram optar ou não pela maternidade, ou, a maternidade no momento adequado. E passamos a ser maioria nos bancos escolares, nas pós-graduações, no mercado de trabalho — formal e, principalmente, no informal.
Estamos no século das cidades. E é no século XXI que estamos sendo decisivas na configuração demográfica das nossas cidades. Na dimensão do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), somos protagonistas. Mas ainda não somos maioria em cargos de liderança. Ainda buscamos a igualdade retratada em Gênesis.
Importante ressaltar o advento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), também trabalhados pela ONU, em 2015, que na busca um planeta mais igualitário, surge mais uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade, a partir do ODS 5 — alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Este ODS tem como metas o fim da discriminação contra mulheres e meninas; eliminar a violência de todas as formas — e aqui é obrigatório citar os altos índices de feminicídio em nosso país; promoção da igualdade de gênero e o empoderamento feminino; eliminação todas as práticas nocivas, como os casamentos e uniões precoces; o reconhecimento e valorização do trabalho de assistência e doméstico não remunerado; a garantia da participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública. Metas ousadas a serem cumpridas até 2030.
Precisamos que a cidade escute nosso canto, que ela nos abrace, que sejamos compreendidas e que possamos compreender que ao invés, de somente inspirarmos, é nossa obrigação oportunizarmos um mundo melhor para outras mulheres.
Abordando um outro trecho da música de Daniela Mercury:
“Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã”
Feliz nosso dia!
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.