Mudanças climáticas: mitigar, adaptar-se ou sucumbir

25 de fevereiro de 2025

O tema da sustentabilidade vem sendo protagonista de diversos textos recentemente, quase sempre, infelizmente, após desastres naturais evitáveis. Esse tema foi enunciado pela primeira vez sob a denominação de “desenvolvimento sustentável” em 1987, por ocasião do Relatório da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, que ficou mais conhecido como “Relatório Brundtland”, tomando o sobrenome da Primeira-Ministra da Noruega, convidada pela ONU para coordenar os estudos técnicos e aprofundar propostas mundiais na área ambiental.

Não por acaso, quando se fala de sustentabilidade, são reconhecidas três dimensões setoriais, ficando a dimensão ambiental na base de um triângulo em cujas laterais estão as dimensões econômica e social. No início dos anos 2000, essa figura foi expandida de modo a explicar melhor as relações duais entre as três dimensões adotadas. Assim, surgiu uma nova figura mais complexa, com interseções daquelas três dimensões duas a duas. A interseção socioeconômica recebeu o título de “equidade”, a econômica-ambiental de “viabilidade” e a socioambiental de “tolerância”. A interseção interna dessas três interseções duais seria então a tal “sustentabilidade”. A figura abaixo ilustra esse conceito claramente.

Ainda assim, surgiram questionamentos adicionais sobre os aspectos de “território” (onde?) e “gestão” (quem?), dando origem ao famoso moto “pensar globalmente e agir localmente”.

Em todos os encontros mundiais ou regionais que tentam fazer avançar esses conceitos em direção a uma lógica de implementação progressiva, os elementos críticos a serem superados são: quanto custa? Quem paga?

Evidentemente, são perguntas da maior importância, porque sem essas respostas o processo não avança. E no contexto atual de uma economia cada vez mais globalizada e interdependente, não adianta que apenas um país, ou um setor econômico, ou um grande vetor produtivo ajam individualmente, por mais meritório que seja, porque os resultados serão provavelmente pífios e com certeza prejudiciais a esse ator solitário. É a solidariedade sincera entre todos os agentes econômicos e governamentais, em todos os territórios, que pode impulsionar aqueles conceitos e fazer acontecer os resultados e impactos desejados. Por isso é tão difícil conseguir resultados concretos nas Conferências das Partes (“COP’s – Conference of Parties”), pois há uma visível assimetria nas relações causa-efeito dos processos industriais em termos de contaminação ambiental, assim como nas formas em que cada país se apropria de seus recursos naturais e os explora em favor do desenvolvimento sustentável.

Por isso, são as autoridades locais, agindo localmente dentro desse espírito global, que devem tomar a liderança nesse processo e cobrar de suas autoridades nacionais o apoio técnico e financeiro necessário para que seus esforços não sejam em vão. E tratando de responder àquelas duas perguntas cruciais, formuladas mais acima, seria interessante ponderar: quanto custa não fazer nada ou muito pouco? Essa resposta nós já temos a partir dos desastres conhecidos.

Alberto Maia da Rocha Paranhos

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Com base na experiência de Jaime Lerner e das equipes que com ele trabalharam, o Instituto Jaime Lerner almeja despertar uma consciência positiva sobre o potencial transformador das cidades e seu desenvolvimento sustentável, inclusivo e criativo. ([email protected])
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