Meus preferidos em São Paulo

16 de abril de 2025

Dando sequência aos textos sobre meus edifícios favoritos, desta vez apresento a vocês os meus preferidos de São Paulo. Seguirei o mesmo formato da coluna sobre Porto Alegre, escolhendo nove edifícios altos que possam inspirar futuros projetos.

Para começar, e sem surpresa para ninguém, em primeiro lugar está o Edifício Itália. Como já abordei em algumas ocasiões, para mim ele é o maior exemplo de um arranha-céu tipicamente brasileiro. Em segundo, está o curvo e emblemático Edifício Copan, que se destaca por sua adaptabilidade ao lote e por concentrar cerca de 5 mil pessoas. Seu térreo, repleto de lojas e bares, é um fenomenal exemplo de microurbanismo entre edificações.

Apesar de sua imponência no eixo da Av. São João, desta vez não trago o icônico Altino Arantes como exemplo. Admito que preferiria ver, naquele ponto focal, um edifício imponente com mais “brasilidade”, como o antigo prédio do jornal “O Estado de S. Paulo”, do que uma “imitação” ultrapassada do Empire State Building. Dessa forma, destaco o edifício que um dia foi sede do Estadão por sua capacidade de ser um marco da arquitetura brasileira, dialogando harmoniosamente com o entorno.

Seguindo adiante, o charmoso Edifício Arlinda é um ótimo exemplo de compatibilização entre morfologias altas e mais baixas. Na época de sua construção, os regramentos urbanísticos permitiam boas integrações entre edificações de diferentes escalas, algo que hoje se tornou mais raro.

Não há como deixar de lado o Conjunto Nacional e o exemplo de quadra viva e permeável que ele representa. Ocupando um quarteirão inteiro da Av. Paulista, o edifício se conecta às quatro ruas vizinhas por meio de uma galeria, funcionando como uma verdadeira quadra extrudada em três pavimentos que, em seguida, se eleva verticalmente por mais 22 andares sobre pilotis, abrigando moradias e escritórios.

Para vocês terem uma noção, escolher apenas nove edifícios em São Paulo é tão complexo que seria possível listar apenas exemplares das décadas de 1940 a 1960, tamanha a qualidade arquitetônica desse período. Para não ser injusto com tantos outros ótimos exemplos, citarei também algumas edificações mais recentes.

Entre os edifícios contemporâneos, destaco o disruptivo Edifício 360º, construído em 2013. Esta edificação quebrou paradigmas ao trazer a ideia de “casas suspensas” como alternativa aos apartamentos “de sempre”. Apesar de estar implantado de forma isolada, rodeado por casas e sem fachadas ativas, seus pilotis são uma atração à parte. Infelizmente, o edifício está cercado por grades, o que limita sua interação com a cidade.

Não tão alto, mas igualmente relevante, o Vertical Itaim, construído em 2014 — um período pré-“São Paulo nas Alturas”, de Raul Juste Lores — já demonstrava o potencial de uma arquitetura que reinterpretava a brasilidade em tons contemporâneos. Elementos como as finas lâminas de concreto aparente e os painéis móveis de madeira, ao estilo muxarabi, reforçam essa identidade.

Por falar em contemporaneidade, a Torre Mata Atlântica, com seus 100 metros de altura dentro do complexo Cidade Matarazzo, expressa com excelência como TODOS os arranha-céus brasileiros deveriam ser projetados. Para fechar a lista de São Paulo, destaco o recém-inaugurado Praça Henrique Monteiro + Hotel Pulso. O edifício de 40 pavimentos apresenta uma esbelta proporção retangular e uma pequena edificação de quatro andares — o hotel — que dialoga com os prédios vizinhos. Além disso, a combinação de fachadas ativas e permeáveis com jardins reforça sua integração com o espaço urbano.

Sei que há muitas outras ótimas referências, mas vale notar que nenhuma das edificações citadas no texto pertence ao período entre as décadas de 1970 e 2010.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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