Infra para quem precisa de infra, na lupa

4 de julho de 2024

Acadêmicos e pesquisadores são o máximo, porque vão se aprofundando primeiro numa área e, em seguida, num determinado tema, cada vez mais de perto, mais profundo, com maior detalhe.

As informações, as descobertas e as conclusões vão melhorando a cada análise, enriquecendo, como uma imagem que vai ganhando resolução e profundidade de cor, contraste. Nuances e detalhes surgem, revelando novas conexões.

Eu não.

Eu sou pouco mais do que um curioso, um “generalista” por assim dizer, que prefere um tema a cada conversa. Sou superficial por definição e natureza, mas, desta vez, volto – igualmente sem profundidade – a um tema que já tratei e que continua a me intrigar.

Falo de um índice bastante objetivo e fácil de entender que meça a relação entre os custos da infraestrutura urbana e a quantidade de unidades numa determinada quadra (ou em cada quadra, individualmente).

Esse índice pode oferecer uma visão interessante sobre diversas facetas da administração municipal como, por exemplo, a definição justa e precisa do valor do IPTU em cada quadra da cidade (quanto mais infra, maior o IPTU; quanto mais unidades num determinado quarteirão, menor o IPTU). Serviria para medir a eficiência da cidade, garantindo que os investimentos em infraestrutura urbana fossem adequados e suficientes para cada região, evitando distorções tão comuns como grandes investimentos em áreas pouco adensadas ou investimentos prevalentes em setores de alta renda, em detrimento dos demais.

A partir de índices e de algum histórico, seria possível criar benchmarks de medição e avaliação de novos loteamentos urbanos, já que, uma vez entregues, os custos de manutenção e melhoria são automaticamente transferidos para o poder público e concessionárias.

Vou além, e imagino que o índice olharia não apenas para os custos do sistema viário, redes de abastecimento de água e recolhimento de esgoto, redes de drenagem, gás canalizado e de telecomunicações, sinalização e acessibilidade, mas também para a quantidade e qualidade de áreas verdes, praças, equipamentos culturais e de lazer nas proximidades, acesso ao sistema de transporte público, escolas, equipamentos de saúde e segurança pública.

Parte seria relativo aos valores de custo para implantação e manutenção, parte relativo à qualidade e atendimento da região.

Ponderando o custo por unidade e notas pela qualidade da região, vem um índice que mostra se a administração está olhando – e investindo – nos locais certos, se está atendendo às necessidades reais e preenchendo lacunas ou fazendo propaganda e política pequena.

E quando se compara infra e quantidade de unidades em cada quarteirão (densidade), fala-se, ainda, sobre a adequação dos Planos Diretores, seus coeficientes de aproveitamento, limites de altimetria e bom uso dos lotes, diretrizes de transporte público e programas de ampliação da rede escolar, equipamentos de lazer, cultura, segurança e saúde.

Visão grande, planejamento micro, visão quadra a quadra. Que tal?

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

Compartilhar:

VER MAIS COLUNAS