Desmistificando o Mobility-as-a-Service

21 de maio de 2023

O conceito de Mobility-as-a-Service (MaaS) ou Mobilidade como Serviço surgiu há aproximadamente 10 anos na Finlândia. Sampo Hietanen, ao observar o desenvolvimento acelerado do setor de telecomunicações nórdico, começou a procurar formas de “pacotizar” a mobilidade, oferecendo ao cliente final um conjunto de serviços de mobilidade (transporte público, táxi, bike e car sharing, etc.) através do pagamento por utilização, diário, mensal ou anual.

Naturalmente, o conceito do MaaS evoluiu de forma digital, tornando-se num integrador digital da mobilidade. Hoje em dia, um App de MaaS de sucesso deve, no mínimo, permitir ao usuário planejar a viagem (multimodal), reservar/escolher a melhor viagem e pagá-la.

1. Planejar a viagem: O planejamento multimodal de uma viagem é um procedimento complexo e requer o compartilhamento de dados estáticos e dinâmicos (em tempo real) dos operadores de transporte envolvidos. Se o usuário precisa pegar um ônibus da empresa A, depois o trem da empresa B e depois alugar uma bicicleta, todos os 3 operadores devem conversar entre si;

2. Reservar/Escolher a viagem: Ainda no motor de busca de viagem, o usuário pode definir parâmetros de pesquisa diversos de acordo com seu gosto pessoal. Se ele não quer andar de bicicleta ou quer a viagem mais barata, estas opções devem estar contempladas no motor de busca. Após o usuário escolher a viagem, o App deve permitir a reserva de eventuais lugares sentados ou veículos, como, por exemplo, a possibilidade de reservar a bicicleta de aluguel;

3. Pagar a viagem: O usuário deve conseguir pagar, de forma digital, a viagem multimodal. Ou seja, uma fatura que engloba todos os meios de transporte e operadores envolvidos.

Há outras funcionalidades de um App de MaaS de sucesso: validação da viagem e cartão de transporte digital, digital wallet e benefícios laborais, informação em tempo real e GPS, SAC e dados de mobilidade.

4. Validação da viagem e cartão de transporte digital: A possibilidade de se eliminar completamente o cartão físico de transporte e substituí-lo por um cartão digital (guardado na digital wallet do App de MaaS);

5. Digital Wallet e benefícios laborais: O App de MaaS deve ter uma carteira digital, onde o usuário guarda os meios de pagamento e o cartão bancário (este último também pode servir como cartão de transporte digital). Ainda nessa carteira, podem ser associados benefícios laborais, como, por exemplo, o vale transporte ou vouchers de mobilidade pagos pelo empregador ao empregado;

6. Informação em tempo real e GPS: O App de MaaS deve prover, em tempo real, informações diversas sobre o sistema de transporte. Tempo estimado de chegada, lotação dos veículos, acidentes, se o veículo é acessível à cadeira de rodas, percursos e horários são algumas informações relevantes. Após a escolha da viagem, o App deve auxiliar o usuário a navegar o sistema de transporte, através de um GPS e, num mundo ideal, way-finding e indoor navigation;

7. SAC: Serviço de atendimento ao cliente. O App de MaaS deve ser mais um portal de comunicação com o cliente. A comunicação deve ser digital, desde a renovação do passe estudantil ao serviço de achados e perdidos podem ser feitos pelo App;

8. Dados de mobilidade: O App de MaaS pode auxiliar na coleta de dados de mobilidade dos seus usuários, que depois podem ser utilizados para o planejamento de transporte.

MaaS, MaaF e super Apps

Mobility as a Feature, uma recente evolução do termo MaaS, busca enquadrar a mobilidade como uma feature, uma funcionalidade que faz parte de um grupo maior, que engloba uma alargada oferta de serviços diversos, por exemplo, os benefícios laborais, onde a mobilidade pode fazer parte. Por fim, os super Apps podem também conter serviços de MaaS associados, ao lado de outros serviços.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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