Desafios e estratégias para a segurança pública em favelas

26 de abril de 2024

Nos últimos dias, uma criança foi ferida por bala no olho durante uma ação que envolvia a polícia militar e traficantes na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Esse incidente causou espanto aos moradores que neste momento possuem receio de caminhar nas principais ruas e vielas da comunidade. 

Ao examinar a segurança pública nas favelas de São Paulo, observa-se um aumento expressivo na criminalidade, uma situação anteriormente menos evidente. Houve uma redução na participação de jovens no tráfico, levando os traficantes a “exportar” adolescentes e jovens de outras regiões, mas a sensação de insegurança nessas comunidades intensificou-se.

Vielas e ruas estreitas, desprovidas de infraestrutura básica, proporcionam condições propícias para o estabelecimento de pontos de venda de drogas. Terrenos ociosos e sem uso adequado contribuem para o aumento de atividades ilícitas, servindo como locais para esconderijo ou operações criminosas.

Em decorrência desses incidentes, a vida nas ruas foi aos poucos se deteriorando. Estabelecimentos estão encerrando suas atividades mais cedo e o sentido de comunidade tem se enfraquecido. Muitos moradores têm escolhido alugar suas casas na favela e se mudar para outras áreas, trabalhando mais para cobrir os custos adicionais.

Como reverter esse cenário e promover maior segurança nas favelas? Como resgatar e potencializar o encontro, a cultura, a educação e o acesso a oportunidades?

Compreendo que a urbanização e/ou revitalização de áreas degradadas sem infraestrutura urbana básica são medidas fundamentais para combater o tráfico e evitar o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades ilícitas.

Os próximos passos envolvem o fortalecimento da segurança comunitária, a promoção de programas sociais e educativos, o estímulo à geração de emprego e renda local, e o envolvimento ativo dos moradores no processo de transformação e desenvolvimento da comunidade. Além disso, é importante estabelecer parcerias entre o poder público, a sociedade civil e o setor privado para implementar soluções integradas que atendam às necessidades específicas de cada comunidade.

Como exemplos, temos o COMPAZ em Recife, os Centros Educacionais Unificados (CEUs) e o Serviço Social do Comércio (SESCs) espalhados em diferentes espaços do Brasil, que promovem atividades culturais e educativas, enriquecem a vida comunitária, e também têm o poder de transformar positivamente o seu entorno. 

No entanto, ainda é desafiador ter acesso a todos esses equipamentos. Portanto, é fundamental incentivar as atividades realizadas internamente nas favelas, muitas vezes com recursos limitados. Essas iniciativas promovem atividades esportivas, educativas, recreativas e culturais em uma escala mais reduzida, porém com um impacto significativo e uma aproximação mais profunda com a comunidade local.

Por último, outra alternativa é a manutenção e cuidado com os pequenos espaços internos das favelas, introduzindo mais cores, vegetação, iluminação, mobiliários e áreas de lazer.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Arquiteta e ativista urbana, pós graduada em urbanismo social e habitação e cidade, mestre em Projeto, Produção e Gestão do Espaço Urbano, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, atua com a gestão de projetos e ações sociais em territórios periféricos no Instituto Fazendinhando.
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