Nos últimos dias, uma criança foi ferida por bala no olho durante uma ação que envolvia a polícia militar e traficantes na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Esse incidente causou espanto aos moradores que neste momento possuem receio de caminhar nas principais ruas e vielas da comunidade.
Ao examinar a segurança pública nas favelas de São Paulo, observa-se um aumento expressivo na criminalidade, uma situação anteriormente menos evidente. Houve uma redução na participação de jovens no tráfico, levando os traficantes a “exportar” adolescentes e jovens de outras regiões, mas a sensação de insegurança nessas comunidades intensificou-se.
Vielas e ruas estreitas, desprovidas de infraestrutura básica, proporcionam condições propícias para o estabelecimento de pontos de venda de drogas. Terrenos ociosos e sem uso adequado contribuem para o aumento de atividades ilícitas, servindo como locais para esconderijo ou operações criminosas.
Em decorrência desses incidentes, a vida nas ruas foi aos poucos se deteriorando. Estabelecimentos estão encerrando suas atividades mais cedo e o sentido de comunidade tem se enfraquecido. Muitos moradores têm escolhido alugar suas casas na favela e se mudar para outras áreas, trabalhando mais para cobrir os custos adicionais.
Como reverter esse cenário e promover maior segurança nas favelas? Como resgatar e potencializar o encontro, a cultura, a educação e o acesso a oportunidades?
Compreendo que a urbanização e/ou revitalização de áreas degradadas sem infraestrutura urbana básica são medidas fundamentais para combater o tráfico e evitar o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades ilícitas.
Os próximos passos envolvem o fortalecimento da segurança comunitária, a promoção de programas sociais e educativos, o estímulo à geração de emprego e renda local, e o envolvimento ativo dos moradores no processo de transformação e desenvolvimento da comunidade. Além disso, é importante estabelecer parcerias entre o poder público, a sociedade civil e o setor privado para implementar soluções integradas que atendam às necessidades específicas de cada comunidade.
Como exemplos, temos o COMPAZ em Recife, os Centros Educacionais Unificados (CEUs) e o Serviço Social do Comércio (SESCs) espalhados em diferentes espaços do Brasil, que promovem atividades culturais e educativas, enriquecem a vida comunitária, e também têm o poder de transformar positivamente o seu entorno.
No entanto, ainda é desafiador ter acesso a todos esses equipamentos. Portanto, é fundamental incentivar as atividades realizadas internamente nas favelas, muitas vezes com recursos limitados. Essas iniciativas promovem atividades esportivas, educativas, recreativas e culturais em uma escala mais reduzida, porém com um impacto significativo e uma aproximação mais profunda com a comunidade local.
Por último, outra alternativa é a manutenção e cuidado com os pequenos espaços internos das favelas, introduzindo mais cores, vegetação, iluminação, mobiliários e áreas de lazer.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.