Mestre em Arquitetura e Urbanismo (Uniritter/Mackenzie); Doutorando em arquitetura (PROPAR/UFRGS); Membro do Council on Tall Building and Urban Habitat (CTBUH). ([email protected])
O Council on Tall Building and Urban Habitat (CTBUH), muito abordado em minhas colunas, é a principal rede global dedicada a estudar, debater e guiar o futuro dos edifícios altos e do urbanismo vertical. Uma cadeia que conecta arquitetos, urbanistas, desenvolvedores, acadêmicos e governo em torno de uma mesma pauta: como conciliar altura, densidade e qualidade de vida.
Mas afinal, o que é o CTBUH Capítulo Brasil?
Os Chapters são braços locais do Conselho, criados para trazer essa discussão global para contextos específicos. Austrália, Canadá, Costa Rica, Hong Kong, Nova York, Reino Unido e Texas são alguns de tantos outros Chapters ativos, promovendo encontros, reunindo profissionais e produzindo conhecimento adaptado às suas realidades. Mais do que uma representação institucional, cada Chapter é um espaço de articulação e de experimentação coletiva.
No Brasil, essa iniciativa chega em um momento crucial. Desconsiderando a exceção do Senna Tower, nosso país não costuma erguer os arranha-céus mais altos do planeta, mas está entre os que mais constroem edificações acima de 100 metros de altura. De norte a sul, nossos skylines se multiplicam, revelando uma urbanização marcada por contrastes. Somos uma potência “silenciosa” da verticalização global. E como venho ressaltando a cada coluna, esse processo não está isento de críticas. Ao contrário: a expansão da verticalização no Brasil sempre despertou debates acalorados. É justamente agora que essa discussão ganha fôlego. Um momento para transformar a crítica em oportunidade, para que possamos aprimorar de fato a maneira como implementamos edifícios altos em nossas cidades.
É exatamente por isso que precisamos de um espaço como CTBUH Brazil Chapter. Para discutir não apenas quantos metros subimos, mas como subimos, por que subimos e com quais impactos sobre nossas cidades.
Os objetivos são claros. Criar uma rede nacional de profissionais ligados ao tema. Conectar o Brasil às discussões internacionais do CTBUH. Promover pesquisa aplicada à nossa realidade. Estimular o diálogo entre setor privado, governos e academia. E sobretudo, difundir boas práticas, diretrizes e parâmetros que façam da verticalização uma aliada da sustentabilidade urbana e da qualidade do espaço público.
O Chapter Brasil nasce sob a liderança que divido com a Stéphane Domeneghini, da Talls Solutions, Roberto de Souza e Mariana Watanabe, ambos do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE). Mais do que instituir um novo fórum, trata-se de abrir um espaço para trocas – entre experiências locais e globais, entre críticas recorrentes e novas possibilidades, entre o que já foi feito e o que ainda pode ser inventado.
Talvez a pergunta inicial permaneça sem resposta única: o que será o CTBUH Capítulo Brasil? Antes de tudo, um campo de trocas e conversas. E, quem sabe, um passo para transformar a verticalização – tão frequentemente criticada – em uma oportunidade de aprendizado e inovação urbana.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.
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