A cidade de Pescueza, na Espanha, tornou-se um modelo global ao adaptar sua infraestrutura para proporcionar mais qualidade de vida aos idosos. Com ruas seguras, acessibilidade ampliada e um sistema de monitoramento eficiente, a cidade demonstra que o planejamento urbano pode e deve levar em conta o envelhecimento populacional. Mas e o Brasil? Nossas cidades estão preparadas para essa realidade?
Diversas cidades brasileiras enfrentam desafios semelhantes. Em São Paulo, a falta de calçadas adequadas dificulta a mobilidade dos idosos, enquanto no Rio de Janeiro o transporte público não atende plenamente às necessidades dessa população. Em Salvador, embora a orla tenha passado por melhorias, muitas ruas e bairros ainda carecem de infraestrutura inclusiva.
Cidades do interior, como Campinas e Ribeirão Preto, já começaram a implementar medidas de acessibilidade, como sinalizações táteis e espaços de convivência voltados para os mais velhos. Em Curitiba, iniciativas como ônibus adaptados e calçadas rebaixadas mostram avanços importantes, mas ainda há muito a ser feito em termos de moradia acessível e segurança urbana.
O que essas cidades precisam é de um planejamento mais integrado. Medidas extremamente simples como a instalação de faixas antiderrapantes, corrimãos, bancos em pontos estratégicos e iluminação adequada poderiam transformar a vida dos idosos brasileiros, e não só deles. Além disso, programas de assistência e monitoramento remoto poderiam ser incorporados às políticas públicas municipais.
A mudança, contudo, não deve vir apenas do poder público. Incorporadoras e arquitetos têm um papel essencial na criação de empreendimentos mais acessíveis e pensados para um público que necessita de conforto e segurança, iniciativa ainda tímida quando analisamos os lançamentos imobiliários. O conceito de “cidade amiga do idoso” deve ser incorporado às diretrizes urbanísticas, garantindo que a longevidade seja acompanhada de qualidade de vida.
O Brasil pode e deve aprender com os exemplos bem-sucedidos já implementados em algumas cidades. O envelhecimento da população não é uma tendência futura, mas uma realidade presente. Adaptar as cidades para essa nova configuração demográfica é um investimento no bem-estar coletivo e na construção de espaços urbanos mais humanos e inclusivos.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.