Cenários de crescimento urbano preditivo

2 de dezembro de 2025

Como entender para onde uma cidade está crescendo? Tendo em vista os infinitos fatores que influenciam essa dinâmica, tentar compreendê-la “a olho nu” se torna uma tarefa inviável. Assim, uma alternativa é utilizar o apoio de simulações computacionais no processo.

Tais modelos são criados por meio da agregação de todos os dados possíveis de uma cidade em uma única base para, então, se fazer especulações do tipo “caso o crescimento urbano seguisse tal regra, qual seria o efeito disso?” 

Com base em tais conjecturas, o modelo é programado para gerar uma visualização do cenário futuro da cidade caso a hipótese a ser testada fosse verdadeira. Isso permite que se crie mapas e diagramas que facilitem a discussão em torno do planejamento de uma localidade ou da leitura acerca dos possíveis efeitos da implantação de uma política ou projeto urbano.

O Instituto Cidades Responsivas — em um projeto com auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) — está desenvolvendo um modelo desse tipo. A ideia é utilizar métricas clássicas de análise de redes urbanas — acessibilidade e centralidade — como parâmetro do quão atrativo é um ponto da cidade para os usos residenciais e comerciais. Cruzando esses atributos com o valor do solo e as características socioeconômicas da população, espera-se que seja possível gerar representações do crescimento de cidades e de como as restrições ou flexibilizações construtivas do Plano Diretor local conformam tal dinâmica.

O município de Osório, no Rio Grande do Sul, tem sido utilizado como área de estudo para os testes realizados. Integrante do litoral norte gaúcho — região do estado com maior crescimento demográfico nas últimas décadas —, espera-se entender, por meio de simulações, como a expansão urbana da cidade poderá se relacionar com o ambiente natural circundante, bem como entender o efeito que a população flutuante de turistas e visitantes sazonais causa na configuração urbana local.

A imagem abaixo mostra um dos primeiros testes realizados. À esquerda, é representada a distribuição da população de Osório conforme o Censo Demográfico de 2010: cores mais claras indicam onde havia mais residentes na época. À direita, é o quanto as simulações indicaram que a população se modificaria entre 2010 e 2022. A lógica de testar o desenvolvimento para períodos passados é a de poder validar os resultados com situações para as quais temos dados que descrevem a realidade. Assim, sabe-se que, se o modelo reproduziu de forma precisa a evolução urbana no passado, há mais chances de também representá-lo corretamente para cenários futuros.

Assim, a pesquisa do Instituto Cidades Responsivas para Osório pretende gerar conhecimento nesse sentido, tentando fornecer insumos que nos permitam pensar sobre o futuro da cidade e como o planejamento urbano pode contribuir nesse processo. O cenário de crescimento mostrou que o modelo está condizente com a realidade, de modo que, uma vez identificados os padrões, o próximo passo será a visualização da expansão da futura malha urbana da cidade.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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