O Bloomberg CityLab é um evento anual organizado pela Bloomberg Philanthropies em parceria com The Aspen Institute que reúne líderes globais, prefeitos, urbanistas, especialistas em políticas públicas, acadêmicos e organizações da sociedade civil para discutir soluções inovadoras para desafios urbanos. O objetivo principal do evento é fomentar o debate sobre desenvolvimento urbano sustentável, inovação, inclusão social e políticas públicas voltadas para as cidades. Por meio de palestras, painéis, workshops e networking, o CityLab oferece um espaço de troca de conhecimentos e de exposição a práticas inspiradoras de cidades do mundo todo.
Neste ano, o evento aconteceu na Cidade do México, e tive a oportunidade de participar devido a uma bolsa que recebi do Instituto Aspen. Fiquei impressionada com a dimensão do evento e as inúmeras possibilidades de novas conexões, especialmente com outras lideranças do Brasil. A estrutura do evento facilitou a criação de redes de contato que, em outras circunstâncias, levariam muito mais tempo para se formar. Os dias foram definidos por reflexões e aprendizados que ultrapassaram o aspecto superficial, tornando-se ainda mais palpáveis pelas intervenções que pude presenciar.
A abertura foi marcada por danças típicas mexicanas, celebrando a cultura local, e pela inspiradora fala da prefeita Claudia Scheinbaum da Cidade do México, a primeira mulher eleita para o cargo. Ela destacou a importância de projetos voltados para políticas públicas de gênero, urbanismo social, mudanças climáticas e sustentabilidade, demonstrando um compromisso genuíno e sério em fazer o melhor para aqueles que mais precisam.
Logo nos primeiros dias, tive a oportunidade de conhecer o transporte público da cidade e entender melhor sua mobilidade por meio do metrô, ônibus e cable bus. Um ponto que chamou bastante minha atenção foi o enfoque nas políticas públicas, especialmente as de gênero. No metrô, por exemplo, existem vagões exclusivos para mulheres e crianças de até 12 anos, disponíveis durante todo o dia. Pude sentir a segurança e o conforto que esse tipo de política oferece.
O sistema de teleféricos Cablebús tem sido um importante auxílio para as famílias, especialmente para aquelas que vivem em Iztapalapa. Em várias partes dos morros, é possível observar mudanças nas moradias, agora embelezadas com mais de 500 murais que retratam lideranças, familiares e animais significativos para os moradores. São rostos comuns, mas com histórias extraordinárias que merecem ser celebradas e reconhecidas.
Outro projeto, desenvolvido pelo Instituto Aspen México em parceria com organizações locais e o Love.Fútbol — que cria, recupera e redefine espaços esportivos como centros comunitários inclusivos — é o “Criando Comunidade por Meio do Esporte”. Participamos da inauguração de uma nova quadra para jovens em Presa de Tarango, na Cidade do México. São pequenas intervenções que fazem a diferença no território, promovem o lazer, brincadeira, cultura e encontros, e que merecem ser replicadas nas favelas ao redor do mundo.
Como líder comunitária, acadêmica e técnica, ter vivido essa experiência não serviu apenas como base para meus estudos de doutorado, mas também como uma oportunidade para compreender novos mecanismos e ferramentas de transformação nos territórios. Fiquei impressionada com o suporte contínuo que a Bloomberg oferece após o evento, incluindo premiações para instâncias públicas que desenvolvem projetos inovadores em suas cidades, além de abrir caminhos por meio de concursos para aqueles que pensam e constroem as cidades do presente e futuro.
A escolha da Cidade do México como sede do evento foi acertada, não apenas pela sua beleza e riqueza cultural, mas principalmente por estar inserida no contexto da América Latina, uma região que demanda atenção especial em termos de transformação territorial e urbana. Gratidão pela oportunidade, vida longa ao programa Bloomberg CityLab, é possível construir cidades que acolham e atendam a todos e todas.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.