Com uma maior quantidade de dados urbanos disponíveis, é fundamental que o planejador urbano saiba como organizar, manusear e representar as informações que recebe. A partir dos dados, é possível fazer análises precisas e confiáveis sobre a população, a economia, as infraestruturas e outros aspectos importantes das cidades. Com os dados espacializados, os multiagentes podem tomar medidas efetivas em relação à alocação de recursos, ao planejamento de projetos e à identificação de soluções para problemas urbanos relacionados à dinâmica da economia local.
Nesse sentido, a utilização de técnicas de Geomarketing se tornam essenciais para o reconhecimento do desenvolvimento socioeconômico do espaço urbano, visto que combina conceitos de marketing e da geografia para permitir visualizar de forma clara a distribuição econômica em uma área geográfica específica. Segundo Coro Chasco, professora da Universidade Autônoma de Madrid no Departamento de Economia Aplicada, as técnicas de Geomarketing permitem analisar a realidade econômico-social desde um ponto de vista geográfico, por meio de instrumentos cartográficos e ferramentas de estatística espacial.
Apesar de ser um termo recente, as técnicas de Geomarketing já eram utilizadas por meio do manuseio dos mapas artesanais. Um exemplo conhecido pelos especialistas que atuam na área de planejamento é a análise feita por John Snow em 1854, na cidade de Londres, que utilizou algumas destas técnicas como a análise dos pontos geográficos e áreas de influência para saber mais sobre a grave epidemia de cólera que assolava a região. A partir do resultado do mapa, Snow percebeu que a maioria dos casos estava concentrada em torno do poço da “Broad Street”. Identificando qual poço estava contaminado, ordenou a sua interdição, contribuindo para a contenção da peste.
Ou seja, as análises espaciais eram realizadas de maneira muito mais simples e limitada, normalmente por meio de mapas pendurados na parede onde as informações geográficas eram plotadas. Já a coleta de dados era muito mais complexa, realizada a partir de questionários e entrevistas para obter informações sobre comportamentos de consumo, perfis da população e a localização de diferentes grupos populacionais.
Apesar destas técnicas ainda serem usadas hoje em dia, o uso de tecnologias avançadas, como o Sistema de Informações Geográficas, permite que as informações sejam facilmente compartilhadas entre os agentes, tornando o processo de espacialização de dados muito mais eficiente, preciso e acessível.
Nesse sentido, o Geomarketing entra como uma importante técnica de visualização de dados para a composição de diversas análises. Para o setor privado facilita a compreensão econômica de uma região e onde os mercados operam ou pretendem operar. Já para as prefeituras, o Geomarketing pode auxiliar no reconhecimento socioeconômico, instalação de equipamentos urbanos específicos e identificar áreas que precisam de mais atenção e recursos.
O Instituto Cidades Responsivas utiliza as técnicas de Geomarketing Territorial para as pesquisas e estudos desenvolvidos em urbanismo estratégico. Com isso, permite visualizarmos os dados coletados para a leitura espacial a partir das necessidades trazidas pelos setores público e privado, traçando áreas de influências e reconhecendo de maneira assertiva o desenvolvimento das cidades.
Texto de autoria de Nicolas Zeferino.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.