As cidades, o espírito humano, a liberdade individual e Ayn Rand

1 de agosto de 2024

As cidades que conhecemos têm, quase todas, origens e histórias parecidas. Em algum momento da história, um grupo de pessoas decidiu se estabelecer num determinado lugar com acesso fácil à água potável.

Uma beira de um rio ou de uma lagoa, o litoral próximo ao deságue de rios e córregos. Terras baixas e terras altas, mas sempre perto da água, exceto nos casos das fortalezas encasteladas e mosteiros, quase sempre no alto de montanhas, locais inacessíveis e de fácil controle de acesso.

No início, era água e segurança. Cidades e impérios surgiram próximos à água. Mais à frente, com as rotas comerciais em funcionamento, surgem os entrepostos comerciais, estrategicamente localizados ao longo dessas rotas, por terra, rio e mar, suprindo as necessidades dos viajantes e permitindo o florescimento do comércio ao longo de toda a rota.

Pescados, peles, minerais, madeira, tecidos, especiarias, escravos. Se a evolução da espécie humana levou as tribos a trocarem uma vida nômade por um local fixo, o comércio é o fato histórico e a mola mestra por trás da criação das cidades.

Sim, a razão pela qual tribos e pequenos assentamos familiares evoluíram para cidades é apenas uma: a possibilidade de troca de bens, o comércio. A razão para a existência de várias cidades ao longo de um rio ou de uma estrada, inicialmente à distância de 1 dia de viagem, é a mesma: o comércio, e o sistema de trocas voluntárias. 

É a prevalência do espírito humano e da liberdade individual sobre a força da natureza e da própria evolução humana, empurrando a evolução social e transformando a forma de interação das comunidades que passaram a habitar um mesmo local.

As cidades são, portanto, fruto do espírito humano e da liberdade individual. São a expressão máxima da espontaneidade onde cada um rema um pouco, de acordo com os seus próprios interesses e, de alguma forma, curiosamente, na mesma direção.

E o modelo, que vinha funcionando por mais de 20 séculos, quem diria, foi colocado em cheque no século 20, com visões idílicas e utópicas, materializadas em experiências como Chandigarh e Brasília, seu excesso de regulação e um nível de engessamento onde há cada dia menos espaço para o espírito humano e a liberdade individual, aqueles mesmos que nos trouxeram até aqui.

Como disse Ayn Rand, “você pode ignorar os fatos, mas não pode ignorar as consequências de ignorar os fatos”.

Pois é, não pode. 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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