Ações locais, impacto global: a importância de reunir iniciativas urbanas em um só mapa
24 de setembro de 2025A esfera da responsividade urbana encontra na revolução tecnológica um contexto fértil para dar voz global a iniciativas e saberes locais. Com tecnologias digitais, mapeamentos colaborativos e dados compartilhados em tempo real, ações dispersas pela cidade tornam-se visíveis numa escala ampliada. Quando reunimos essas iniciativas em um mapa único de ações, inspiramos outros territórios, conectamos práticas com sentido convergente e potencializamos o acontecimento de redes urbanas, promovendo maior capacidade de conexão e articulação.
Nesse contexto, as transformações urbanas que acontecem de forma difusa, em ações locais, ao serem visualmente unidas em uma única base, ajudam a redesenhar a experiência de planejar uma cidade. É essa dimensão — que surge da resolução de problemas específicos de uma localidade — que o Mapa de Iniciativas Urbanas, criado pela plataforma PLACE em parceria com o Instituto Cidades Responsivas, busca explicitar.

Com o intuito de facilitar sua replicação em outros contextos, o mapa reúne projetos e experiências de diferentes cidades que têm em comum a transformação da experiência urbana por meio da inovação, da tecnologia e da participação cidadã. A descrição de cada iniciativa aparece no mapa interativo de forma geolocalizada, possibilitando que o usuário busque por localizações específicas ou compare a proximidade entre as diferentes iniciativas.
Um exemplo das iniciativas presentes no mapa é o Sandbox.Rio, programa municipal que visa desenvolver um ambiente regulatório experimental para o Rio de Janeiro de modo a estabelecer um canal formal para que empresas, startups e pesquisadores testem soluções tecnológicas e de negócios que ainda não possuem regulamentação específica. Com base nos dados coletados, a Prefeitura pode discutir a criação ou atualização de políticas públicas. Assim, a ação da administração pública se torna mais responsiva em relação às demandas reais da população.
Outro exemplo é a POA Clima: uma plataforma digital pública e interativa que visa disponibilizar, em tempo real, dados climáticos, mapas de risco por região, previsões meteorológicas e alertas à população. O intuito é que tal ferramenta contribua para ampliar a capacidade de resposta da Defesa Civil e demais órgãos públicos, além de também permitir que moradores acompanhem a situação de suas regiões, tornando-se capazes de, em situações de risco, contribuir para promover ações de prevenção de forma mais ágil. Tal iniciativa se torna especialmente relevante se considerarmos os eventos extremos que atingiram as cidades brasileiras nos últimos anos e a expectativa de agravamento desse cenário no futuro.
A elaboração de ações para tentar facilitar a administração e a gestão das cidades é dificultada pela escassez de meios que possibilitem o entendimento do que já foi realizado em outros contextos e quais foram os resultados obtidos, de modo que o Mapa de Iniciativas serve como o local que centraliza essas informações, facilitando seu compartilhamento. Assim, a importância do Mapa de Iniciativas Urbanas é a de construir um repertório coletivo de soluções urbanas que mostram que a evolução das cidades passa tanto por políticas públicas estruturantes quanto pela capacidade de criar, testar e compartilhar novas ideias no cotidiano urbano.
O mapa surgiu de uma chamada aberta para inscrições, sendo as iniciativas categorizadas conforme o setor a que pertencem: público, privado ou acadêmico. Todas as propostas recebidas que se enquadraram na temática geral do projeto estão presentes no mapa, e as iniciativas que tiveram destaque reconhecido por juri composto de agentes representativos de cada segmento, foram apresentados e divulgados durante o 3º Encontro Cidades Responsivas, em Porto Alegre.
As inscrições para alocar iniciativas no mapa encontram-se abertas em fluxo contínuo na plataforma. Um convite permanente ao compartilhamento dos projetos. Uma ação que corrobora com o fortalecimento das cidades como redes de agentes.
Guilherme Dalcin e Luciana Fonseca
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.