A importância da economia circular na transformação sustentável das favelas

16 de agosto de 2024

A construção civil é um dos setores que mais impacta o meio ambiente, seja pelo consumo massivo de recursos naturais, pela geração de resíduos ou pela emissão de gases de efeito estufa. A indústria da construção civil é responsável por uma significativa parcela das emissões globais de CO₂, principalmente devido à produção de cimento.

Mesmo após a conclusão das construções, os resíduos de manutenção, demolição e reformas continuam a contribuir para a poluição ambiental.

Neste sentido, as iniciativas desenvolvidas pelo Instituto Fazendinhando nas reformas em moradias precárias contribuem diretamente para a redução do impacto ambiental ao reutilizar materiais recebidos de doações que, de outra forma, seriam descartados. O projeto reaproveita revestimentos, tintas, madeiras, louças, peças sanitárias, esquadrias, entre outros itens nas obras realizadas.

Outra iniciativa importante no surgimento da organização foi a utilização de pneus usados para construir muros de contenção em um antigo lixão. Essa prática, desenvolvida por Mauro Quintanilha, do Rio de Janeiro, contribuiu para a implementação de soluções sustentáveis também em espaços públicos.

Um avanço significativo nas reformas de moradias precárias realizadas pela organização é a entrega de mobiliários, viabilizada por parcerias estratégicas com empresas como a MCHECON Cenografia. Após desmontar seus estandes em espaços cenográficos, a empresa reutiliza as chapas de madeira que seriam descartadas para produzir móveis. Imagine se práticas como essa fossem adotadas por toda a indústria de marcenaria. O impacto ambiental seria drasticamente reduzido, e famílias em situação de vulnerabilidade social seriam beneficiadas.

O Instituto evita que esses produtos acabem em aterros sanitários ou sejam incinerados, práticas que causam poluição e desperdício de recursos. A reutilização reduz a demanda por novos materiais, diminuindo a extração de recursos naturais e as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção e ao transporte desses materiais. 

Cria-se assim um modelo de construção mais sustentável, que valoriza o reaproveitamento e a redução de resíduos. Não é apenas uma estratégia de sustentabilidade, mas uma necessidade urgente para enfrentar os desafios ambientais globais.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Arquiteta e ativista urbana, pós graduada em urbanismo social e habitação e cidade, mestre em Projeto, Produção e Gestão do Espaço Urbano, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, atua com a gestão de projetos e ações sociais em territórios periféricos no Instituto Fazendinhando.
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