A culpa não é da natureza

25 de julho de 2024

Nos últimos anos, temos visto uma quantidade crescente de desastres acontecendo, afetando principalmente as favelas. Muitas pessoas têm culpado a natureza por esses eventos trágicos. No entanto, é importante entender que, embora fenômenos naturais como chuvas intensas, deslizamentos de terra e enchentes sejam inevitáveis, a vulnerabilidade dessas áreas e a magnitude dos desastres são frequentemente aumentados por ações humanas.

A mudança climática tem intensificado a frequência e a severidade dos fenômenos meteorológicos extremos, aumentando ainda mais a pressão sobre as favelas, áreas que têm o maior número de riscos. 

São necessárias políticas públicas eficazes para mitigar os riscos e proteger as populações mais afetadas. Segue abaixo alguns caminhos:

  1. 1) Identificar áreas ambientalmente sensíveis, criar soluções em projetos de infraestrutura verde nas cidades e garantir a manutenção adequada ao longo do tempo;
  2. 2) Recuperar áreas degradadas por meio de iniciativas de reflorestamento, recuperação de nascentes e revitalização de espaços públicos;
  3. 3) Além de proteger as áreas naturais remanescentes, como a Amazônia, onde a biodiversidade é rica e vulnerável, é importante criar polos de áreas verdes em centros urbanos e periféricos;
  4. 4) Regular o uso do solo para evitar a impermeabilização excessiva, incentivando práticas como a permeabilização de pavimentos e a preservação de áreas de várzea e de vegetação nativa;
  5. 5) Investir em sistemas de monitoramento meteorológico e de alerta precoce, para prever e comunicar a ocorrência de chuvas intensas e possibilitar ações preventivas por parte da população e das autoridades;
  6. 6) Promover a conscientização ambiental da população sobre os riscos de enchentes e a importância de medidas preventivas, como o descarte adequado de lixo e a manutenção de sistemas de drenagem;
  7. 7) Reduzir o impacto ambiental em setores como moda e construção civil com práticas de uso de materiais sustentáveis e a promoção de modelos de consumo consciente. É importante também incentivar a reciclagem e a reutilização de materiais, bem como investir em energia limpa e eficiência energética.

Precisamos deixar de resolver os problemas apenas após os desastres e entender como as mudanças climáticas os intensificam, implementando medidas preventivas para evitar novas tragédias. A urgência de agir nunca foi tão grande. Precisamos de um envolvimento coletivo nesta jornada de renovação e mais cobranças por políticas públicas que estejam verdadeiramente comprometidas com a preservação ambiental.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

Compartilhar:

Arquiteta e ativista urbana, pós graduada em urbanismo social e habitação e cidade, mestre em Projeto, Produção e Gestão do Espaço Urbano, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, atua com a gestão de projetos e ações sociais em territórios periféricos no Instituto Fazendinhando.
VER MAIS COLUNAS