3 infraestruturas que dizem ser para pedestres, mas que priorizam os carros (Parte 2)

7 de junho de 2023

No primeiro texto da série sobre infraestruturas que priorizam os carros nas cidades, abordamos as passarelas anti pedestres, que são inacessíveis, excludentes, inseguras e caras (se você ainda não leu, clique aqui para conferir).

Nesta segunda parte, trazemos outra estrutura que tem no seu nome “pedestre”, alegando que é feita para garantir a segurança de quem caminha, quando, na realidade, mantém a prioridade dos veículos motorizados, e coloca as pessoas em maior risco: as grades de proteção (ou guardrails).

Grades de proteção (guarda-corpo ou guardrails) ou grades de controle de movimento

Peinha
Foto feita durante o projeto Caminhando Juntas, realizado pelo Instituto Caminhabilidade, na comunidade da Peinha, que mostra guard rail (Produtora do Corre).

São grades implantadas próximas ao meio fio na calçada para impedir a travessia e a linha de desejo de quem está a pé (a linha de desejo é o caminho mais direto entre um ponto e outro, que é traçado por quem caminha). São comuns em esquinas ou vias rápidas em que as faixas de pedestres são muito distantes umas das outras. 

Porque são ruins para quem está a pé?

• Aumentam o trajeto;

• Impedem o caminho mais lógico e agradável de caminhar;

• Criam a sensação de confinamento e insegurança na calçada, principalmente para meninas e mulheres;

• Diminuem a acessibilidade, já que fazem com que as pessoas andem mais, e criam barreiras que não são sinalizadas para deficientes visuais;

• Custam caro para implantar e fazer manutenção;

• São feias e degradam o ambiente urbano. 

O que pode substituir?

• Implantar travessias em todas as esquinas;

• Respeitar a linha de desejo de quem está a pé com prioridade, sinalizações e diminuição de velocidades;

Ruas compartilhadas1 entre veículos e pessoas.

Na caminhada com o ex-Secretário Municipal de Transportes e Mobilidade de São Paulo, Jilmar Tatto, no projeto Sentindo nos Pés, ele comenta sobre as “grades de proteção” e o quanto elas dificultam o traçado das pedestres para dar prioridade aos carros. 

Assista aqui. 

No próximo texto, traremos a terceira infraestrutura que dizem ser para pedestres, mas que prioriza os carros. Continue acompanhando nossa coluna para saber.

1As ruas compartilhadas são uma solução de desenho de rua que promove o compartilhamento do espaço por pedestres, ciclistas e veículos motorizados. Suas principais características são o pavimento todo no mesmo nível e a redução  da velocidade para os carros, proporcionando uma experiência mais segura, saudável e agradável para as pessoas.

Texto de autoria de Luiz Ugeda, Pós-doutor em Direito (UFMG) e doutor em Geografia (UnB). Investigador da Escola de Direito da Universidade do Minho. CEO da Geocracia.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

Compartilhar:

Organização liderada por mulheres, movida pela urgência de alcançar a equidade de gênero e enfrentar a crise climática, desenvolve cidades caminháveis com o protagonismo da cidadania. ([email protected])
VER MAIS COLUNAS