Por que não dá para ser contra cidades caminháveis

26 de abril de 2023

Todas as pessoas querem viver em cidades seguras, se deslocar de forma agradável, respirar ar limpo, ter uma vida saudável, encontrar pessoas queridas com frequência, ter contato com a natureza no dia a dia e se desenvolver.

Parece utópico? 

E se dissermos que o caminho para alcançar esse estilo de vida está está aos nossos pés?

Cidades que colocam o caminhar e as pessoas como prioridade melhoram a caminhabilidade, ou seja, se tornam ambientes que criam oportunidades e convidam as pessoas a acessar seus direitos e se divertir, a pé.

Imagina poder ficar tranquila com as crianças indo a pé para a escola junto com colegas? Ter ruas que se parecem com praças, em que é possível sentar em bancos debaixo da sombra das árvores? Caminhar menos de 5 minutos para chegar em um transporte público de qualidade e não poluente? Se sentir representada e respeitada nas ruas? Praticar esportes em áreas naturais em que é possível chegar caminhando?

Se você suspirou imaginando tudo isso, você como a gente deseja viver melhor, e mais do que isso, deseja que todas as pessoas vivam melhor — pois se a mudança não é coletiva não há mudança.

Assim fica evidente que todas as pessoas são potenciais defensoras de cidades caminháveis, porque desejantes e sonhadoras dessas são cidades todas já somos! 

Quando as cidades são transformadas na perspectiva da caminhabilidade, são ampliadas a acessibilidade, a colaboração, a sustentabilidade, a segurança, o acolhimento, a saúde e o dinamismo. 

Caruaru, em Pernambuco, por exemplo, implementou um parque linear — a Via Parque, que foi vencedora do Prêmio Cidade Caminhável 2021 — na antiga linha férrea que passava no meio de 16 bairros da cidade e com isso ampliou as oportunidades de caminhar em segurança e estar nos espaços públicos. Os resultados dessa transformação vão além dos planejados, há mulheres relatando que se sentem seguras caminhando à noite, crianças brincando, casas que incluíram comércio em sua fachada e aumentaram sua autonomia financeira, entre muitos outros resultados.

Então, você deve estar se perguntando: por que a maior parte das cidades não estão focadas na caminhabilidade e muitas vezes estão andando na contramão do desenvolvimento de cidades para as pessoas e para o caminhar?

Uma das razões é que o conceito, as soluções, as possibilidades e os impactos de promover a caminhabilidade são pouco conhecidos. Quando não se conhece algo, não é possível imaginar! 

Ou seja, se não conheço uma cidade com ar limpo, logo cidades são ambientes em que se respira ar poluído. Mas e se contarmos que podemos sim respirar ar limpo nas cidades? E que assim como Caruaru, outras cidades mundo afora estão despertando e criando lugares que a população quer ficar ao invés de aglomerados que as pessoas se sentem obrigadas a ficar por razões econômicas e que começam a desenvolver doenças psíquicas sem perceber?

Para isso, é essencial enxergar a realidade das cidades em que vivemos de forma realista e crítica. Assim como só é possível sair de uma situação de abuso ao reconhecer que o abuso existe e com políticas públicas de proteção e acolhimento, é importante reconhecer que nossas cidades são adoecedoras.

Para reverter esse cenário precisamos com urgência falar sobre os problemas, opressões e males das cidades. Mas, além disso, falar sobre os caminhos e soluções para que as cidades priorizem o andar a pé e a convivência nas ruas. 

Quanto mais falamos, mais sonhamos e transformamos as cidades juntas. Este será o nosso espaço para aproximar você cada vez mais do tema e para construir diálogos caminhantes! Afinal, as cidades são sobre isso: acesso, encontros, participação e trocas. Vamos juntas?

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Organização liderada por mulheres, movida pela urgência de alcançar a equidade de gênero e enfrentar a crise climática, desenvolve cidades caminháveis com o protagonismo da cidadania. ([email protected])
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